Encontro com o Eu

À Beira do Mar: Reflexões de um Encontro com o Eu

Sentado na areia, com os pés mergulhados nas águas mornas do mar, sinto a brisa suave acariciar meu rosto, trazendo um aroma salgado que é, ao mesmo tempo, familiar e reconfortante. O horizonte se estende à minha frente, uma linha tênue onde o céu se encontra com o oceano, e nesse espaço entre o infinito e o finito, começo a viajar para dentro de mim.

O som das ondas quebrando na praia é como uma suave canção de ninar. Cada onda que se aproxima se apresenta como um pensamento, um sentimento que surge, se manifesta e, inevitavelmente, se disfarça novamente nas águas. Às vezes, me pergunto se somos todos como essas ondas, constantemente em movimento, procurando um lugar onde possamos nos estabelecer, mas sempre destinados a voltar para o vasto profundo.

Olho para as pegadas deixadas na areia, marcas temporárias que logo serão apagadas pela maré. Uma analogia perfeita para a nossa existência, penso. O que deixa um rastro em nossas vidas muitas vezes se esvai, mas as memórias, essas não se apagam com facilidade. A vida é feita de momentos que vêm e vão, mas o que realmente importa? O que fica consigo quando a maré leva embora todos os vestígios?

Enquanto observo o vai e vem do mar, sou tomado por uma sensação de clareza. Cada onda é única, assim como cada experiência que vivemos. Algumas nos trazem alegria, outras, dor. No entanto, assim como o mar renova suas águas a cada instante, nós também temos a capacidade de recomeçar. O passado pode ser pesado, mas sinto que é um fardo que aprendi a carregar, e, às vezes, até mesmo a soltar.

Penso nas perguntas que sempre me faço ao olhar para o horizonte: quem sou eu, afinal? O que busco? O que me define? Na vastidão do mar, percebo que esses questionamentos são como estrelas em uma noite clara; pode não haver respostas definitivas, mas há beleza em explorá-los. O autoconhecimento é um oceano do qual nunca conseguimos ver o fundo. A cada mergulho, encontramos novas formas de nos ver e compreender.

Enquanto o sol começa a se pôr, pintando o céu de tons alaranjados e rosa, percebo que, assim como o dia, eu também tenho ciclos. Há o brilho da manhã, cheio de promessas, mas também há a madrugada, onde as dúvidas pairam sobre mim como nuvens pesadas. Contudo, mesmo na escuridão, sempre há um caminho iluminado pelas luzes da esperança e da introspecção.

Levanto-me, sacudo a areia do corpo e respiro fundo. O mar, com sua dança eterna, me lembra da importância de fluir com a vida, de aceitar as transformações e de valorizar cada pequena onda que me atravessa. Cada encontro comigo mesmo, cada reflexão à beira-mar, é um convite a seguir em frente, sempre curioso, sempre disposto a descobrir - tanto o mundo ao meu redor quanto o vasto mar interior que sou eu.

EscritoraVeraSalbego

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