A Vida em Versos é Inversos

Crônica:

A Vida em Versos e Inversos

A vida é uma obra em andamento, um livro cujas páginas são preenchidas por momentos, emoções e escolhas, algumas das quais, nem sempre tomadas por nós. Às vezes, andamos apressados, como se houvesse uma linha de chegada visível, e em outras, paramos para observar os detalhes que fazem a trama valer a pena.

Lembro-me de um dia ensolarado, quando decidi caminhar pelo parque. O céu azulado parecia convidar-nos a desacelerar. Children brincavam, suas gargalhadas ecoando como música, cheias de uma inocência que muitas vezes esquecemos na correria do cotidiano. As árvores, majestosas, sussurravam segredos ao vento, enquanto as flores despertavam a cada raio de sol, como se quisessem nos lembrar que a beleza está nas pequenas coisas.

Observando essa cena, pensei na fragilidade da vida. As estações mudam, as flores murcham, mas o tempo continua seu curso implacável. Vivemos dias luminosos e noites nebulosas, cada um com seus desafios e conquistas. As pessoas que amamos vêm e vão, e, muitas vezes, nos pegamos desejando que determinados momentos se estendesse para sempre. Mas a realidade nos ensina que tudo que é sólido tende a se desvanecer.

E aí está a grande ironia: quanto mais tentamos segurá-la, mais escorregadia ela se torna. Cultivamos o desejo de segurança, de estabilidade, mas é na incerteza que encontramos a verdadeira essência da vida. É nesse entrelaçar de risos e lágrimas, de encontros e despedidas, que nos tornamos mais humanos.

Vale lembrar que, em meio a tudo isso, encontramos a beleza da descoberta. Cada dia é uma página em branco, uma nova oportunidade de escrever nossa história. Nas pequenas decisões, nas interações cotidianas, a vida se revela em sua plenitude. Um olhar trocado, uma conversa sincera, um gesto de bondade: são estes os momentos que nos conectam.

Às vezes, perdemo-nos na roda-viva e esquecemos de olhar ao nosso redor. Mas quando tiramos um tempo para respirar, para simplesmente ser, percebemos que a vida é mais do que uma sequência de obrigações. Ela é um convite à contemplação, à alegria e ao amor.

Portanto, que possamos viver não apenas pela busca incessante de respostas, mas pela beleza das perguntas. Que possamos dançar sob a chuva, nos perder em sonhos e, principalmente, valorizar cada capítulo que nos é oferecido. Afinal, a vida, em seus versos e inversos, é uma poesia única, e somos todos os poetas de nossa própria jornada.

Escritora Vera Salbego

http://verasalbego.wixsite.com/verasalbego