O tão aguardado adeus
Tive uma briga séria no final do ano passado, no caso 2024. Daquelas irreconciliáveis. Tomei a decisão de dissolver um relacionamento longo, o mais tóxico que já vivi. Dei todas as chances possíveis para uma convivência harmoniosa; tentei entender, relevar, justificar. Mas não deu. Quando você descobre que algo não te serve mais, apenas te prejudica, está na hora de seguir em frente. Recaídas são prováveis, mas meu santo é forte. Estou confiante.
Não é fácil, nem um pouco. O meu parceiro Medo me acompanha desde que eu me entendo por gente. É, sem dúvida, minha relação mais longa. Vivíamos numa simbiose tão grande que cogitei sermos um só. Sim, eu acreditei que o meu Medo era parte de mim como um coração, sem o qual não se pode viver.
Sei que não foi de todo ruim: ele me protegeu em várias ocasiões, me impediu de pular de penhascos metafóricos e de tomar decisões questionáveis. O problema é que ele foi além. Me paralisou, entorpeceu, me roubou várias oportunidades e a “commodity” mais preciosa que existe: tempo.
Paulo Coelho disse: “Por medo de diminuir, deixamos de crescer. Por medo de chorar, deixamos de rir.” É isso que ele faz. Boicota, limita, bloqueia possibilidades. Te impede de ver a vida sob outra perspectiva. Ele te priva da única coisa que garante o teu crescimento: o ato de arriscar-se.
Reconheço a necessidade histórica do Medo. Se meu antepassado não tivesse Medo do tigre de dentes de sabre provavelmente eu não estaria aqui hoje. Mas não vivemos mais na Era do Gelo. Está na hora dele partir. Como esperado, ainda encontro uma enorme resistência.
Muitos tentam me convencer da importância de ter um pouco de Medo: meu marido, minha terapeuta, minha ansiedade. Li que a neurociência e a psicanálise também o apoiam. Mas eu estou inflexível. Em 2025 vou me dissociar do mais nefasto dos sentimentos.
Não é à toa que eu escolhi a Coragem como a palavra do ano. Ela será meu norte, maior meta, musa inspiradora, meu lema. Até criei um vlog diário em que estou compartilhando atos de coragem, dos grandiosos aos minúsculos. O meu progresso (o vlog Atos de Coragem) pode ser acompanhado nos Reels do Instagram, na conta @mirandaboth_
Ainda coexistimos, eu e o medo, mas ele já não me define. A partir de agora será escrito com “m” minúsculo e logo vai sucumbir. Vai ser substituído pela Coragem e, se Deus quiser num futuro nem tão distante, pela Consciência. Porque o medo é obsoleto para quem é consciente de verdade, pros poucos que conseguiram despertar sua essência. Afinal, isso é o trabalho de (pelo menos) uma vida.
Termino esse compromisso público em forma de crônica com a seguinte provocação: o que você faria se não tivesse medo? Pense bem: a resposta pode fazer de 2025 o primeiro ano do resto da sua vida.