A um céu cinéreo
Momentos difíceis fazem parte da trajetória humana.
São problemas que desafiam, provocando a comodidade em zona de conforto.
A prudência antecipa ao exercício de preparação para adventos desagradáveis.
A estabilidade é um fato, em ocorrências humanas, fugaz, efêmero.
O desejo é que permaneçam condições de garantia para aquisições em seu estado de durabilidade longeva, natureza imperecível.
Entretanto, a sensatez de quem existe, e transita, consiste na admissão e aceitação de perdas, baixas.
Evita lamentações infrutíferas, revoltas íntimas que comprometam o estado de paz, esta que é a única exceção, pois pode ser adquirida, mantida sem prazo de validade.
Um dicionário prático aproxima e faz equivaler os termos perda a ausência. Ausência de existência(s) humana(s), animada(s), quanto inanimada(s): objetos.
O excesso de otimismo irrefletido confronta a preocupação supra referida, alijando-a para bem longe, rígida, mórbida (?), com a espera de ocorrências funestas, dando a parecer que o porvir seja o grande sequestrador de boa ventura, com saldo negativo em soma de tristeza, ruína, doença, saudade, morte…
Nesta linha de visão, garantido o livre arbítrio, sem cercear a expressão do pensamento, a preferência comportamental é deixar-se ao comando das vicissitudes, no estilo de “vida leva eu”.
¿Porém, mudando-se cenários, circunstâncias, condições agradáveis, haverá singular, heroica aceitação, sem qualquer lamento ou protesto revoltante por mudança de estado, principalmente precário até mesmo ao de perdas ou ausências?
Haverá decência, honestidade que não maldigam a condição atual da apenas oferta de um barril de Diógenes, ou petéquias de um Job amparado na filosofia em diálogo com amigos, poucos?
Muito provavelmente não.
O descondicionamento, a indisciplina mental, dois aliados do imediatismo soído, sob egoísmo tenaz, calam muitas vezes a (oração de) gratidão pelos ventos de bonança hauridos, no contraste ao momento presente, indesejado, refluxo do mar pessoal