ALIENADOS DA CRISTOLÂNDIA

Em um mundo onde a fé deveria ser um farol, muitos se mostram, na verdade, como barcos à deriva, guiados por correntes invisíveis. Caminham com a cegueira dos que se deixam levar, como bois ferozes amarrados por cabrestos invisíveis, sem perceber que a liberdade prometida é apenas uma ilusão. Gritam sobre amor e Jesus, mas, em suas vidas, as páginas da Bíblia parecem não ter sido lidas. A hipocrisia se torna a língua franca, enquanto trancam-se no egoísmo de ser, ter e poder.

Observamos que poucos realmente se dedicam ao estudo das escrituras sagradas. Aqueles que o fazem estão frequentemente sujeitos a interpretações distorcidas e à contaminação de vícios. A maioria, por sua vez, entrega-se a uma obediência cega, consumindo a palavra de líderes gananciosos que pregam um evangelho de prosperidade sem se importar com o bem-estar do próximo. As eleições recentes foram um reflexo dessa alienação: “Vamos ver quem tem poder, se Deus ou o diabo!”, clamavam, enquanto a verdade se escondia atrás de uma cortina de egos inflados. E, assim, o candidato rotulado como demônio assumiu a dianteira, desafiando a fé de muitos.

Nos altares, a vaidade reina. As vitrines da religião transformaram-se em palcos de exibição, onde o que importa é quem se veste melhor, quem canta mais alto e quem aporta mais dinheiro. O pobre, relegado a um banquinho no fundo, observa os ricos serem exaltados, como se a proximidade de Deus dependesse do saldo bancário. O início da religião, baseado no amor e na fé, se transforma em um comércio de indulgências modernas: paga-se para ouvir a palavra de Deus, que jaz ao alcance das mãos, enquanto milhões são gastos em eventos e em produtos que prometem milagres.

E o que dizer das festividades? Ofertas abundantes para construções luxuosas e para o conforto dos líderes, enquanto os que realmente necessitam recebem apenas orações vazias. A diferença entre essas práticas e as religiões que tanto condenam é quase inexistente. A hipocrisia é uma constante, e a compaixão se esvai entre as paredes dos templos.

Enquanto isso, a prosperidade das igrejas pentecostais cresce, atraindo aqueles que desejam colher sem semear. A ilusão de que a verdade reside nas escrituras sagradas, fechadas sob os braços de tantos zumbis da cristolândia, é uma armadilha perigosa. E, assim, pergunto: será que Deus será injusto ao levar um povo que se considera superior, apenas por vestimentas e aparência, enquanto encobrem a podridão de suas ações?

Mas, em meio a esse cenário desolador, ainda há aqueles que servem a Deus com sinceridade. São eles que promovem o amor ao próximo, a humildade, a paz e a união. Esses indivíduos, que se dedicam a viver a verdade em ações e palavras, são a esperança de que a fé não se perca na escuridão da alienação. Que suas vozes se elevem, não em gritos de vaidade, mas em hinos de amor genuíno, ecoando a verdadeira mensagem de Cristo.