Pensamentos Sobre a Existência de um Doente em Casa
Doente em casa, com um atestado médico que me deu uma pausa no trabalho, estava assistindo a um clássico do cinema nacional: “O Que É Isso, Companheiro?”. O filme, uma narrativa poderosa sobre militantes de esquerda enfrentando a ditadura militar no Brasil, terminava com uma imagem marcante: os presos políticos, algemados, posando para uma foto. Ali, naquelas algemas, havia resistência, uma ardente luta para buscar a volta da democracia e os direitos básicos para a sociedade brasileira.
Enquanto o filme chegava ao fim, uma reflexão profunda tomou conta de mim. Doente, comecei a me perguntar: qual é o meu lugar no mundo? Qual o sentido das minhas ações em relação ao ambiente ao meu redor? Qual o sentido da minha vida?
Do ponto de vista cósmico, desde a origem do universo com o Big Bang até a formação do planeta Terra e as implacáveis leis da natureza, a vida humana parece não ter um propósito específico. Apenas jogamos o jogo genético imposto por essa natureza. Não há um significado intrínseco na nossa existência em relação ao cosmos, nenhum plano divino predeterminado. Mas há significado em cada pequena coisa que fazemos ou experimentamos. Nós damos significado às nossas vidas através dessas situações.
É naquele momento em que sentimos uma conexão com uma pessoa, uma ideia ou uma atividade especial que a vida ganha maior significado, como os combatentes dos sanguinolentos ditadores do filme e da nossa história.
É na beleza da tranquilidade do lar, em uma viagem que nos tira da rotina, a concretização de primeiros individuais, coletivos ou a dois; e em outras situações que nos formamos e nos descobrimos nesta vida. Assim, mesmo doente e em casa, percebo que cada instante, cada pequena ação, cada pensamento, contribui para o mosaico do que somos.
28.11.2024