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Não pensem que o fato de contar muitas lembranças sou um cara que vive no passado e do passado. Minha época é de hoje e meu lugar é onde estou agora. Mas as estórias precisam serem contadas, mesmo porque servem de ricas informações para as pessoas mais novas escolherem o que fazer com os erros e os acertos acontecidos. Essa estória ocorreu bem no início de nossa prática com o surf.

Certa manhã de grande ressaca no Itararé, eu combinei com Di Renzo de surfar. Ele morava no Edíficio Uiquend (mais ou menos isso) e a nossa preciosa prancha caixa de fósforos e única que havia na época. Provocávamos uma certa irritação nos salva vidas, por ser nos dias de mar bem perigoso nos aventurávamos mar adentro. Eu havia me criado no mar de São Vicente, seja nadando, fazendo caça submarina, saltando da Ponte Pensil , vivendo de vender cavalos marinhos para as barraquinhas que, por sua vez, vendiam "Lembranças São Vicente" para os turistas. Di Renzo era um dos malhores nadadores do Brasil, participara dos Jogos Panamericanos de São Paulo (1963). Portanto, mar bravo não nos assustava, com todo respeito que merece.

Cheguei à praia e nada do Di Renzo. Andando em direção à divisa pela areia, vi que no Posto dos Salva vidas nossa prancha estava encostada na parede. Quando cheguei ao posto vi meu amigo sentado dentro do posto e uma salva vidas discutindo com ele, informando que a prancha estava aprendida e Di Renzo não podia leva-la. O salva vidas me conhecia desde novo e eu entrei no meio da conversa, acalmando asituação e explicando que se tratava de um novo esporte e justamente os dias de reassaca eram os melhores para nossa nova prática. Aos poucos o policial foi concordando e nos liberou dizendo que a responsabilidade era toda nossa.

Só então pudemos iniciar a pegar as ondas.

Bons tempos.

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21Marialice Estevo Kastrup, Jorge Naslauski e outras 19 pessoas

Em 2005,por ai, o Di Renzo veio da Bahia, morava em Salvador, para colaborar em um trabalho da faculdade de jornalismo que uma prima sua estava montando. Fomos juntos à nossa querida Itararé falar com o Carlinhos Argento. Carlinhos emprestou duas de suas pranchas. A prima do Di Renzo nos aguardava no jardim da praia e tirou diversas fotos nossa ( Di Renzo, Carlinhos e eu) e montou seu artigo com esse material dando o nome de " A história do surf paulista", onde nos chamava de "dinossauros do Surf". Abaixo, a ultima foto que tenho desse evento, um tipo de despedida da praia de Itararé desses dois grandes amigos insubstituíveis. Meus irmãos Carlinhos Argento e Antonio Di Renzo (nascido no mesmo dia que eu, 17/12/1945).

Aloha,meus queridos!

Da esquerda para a direita: Carlos Argento, PauloMiorim, Antonio Di Renzo Filho.

Quanta saudade!!!

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22Marialice Estevo Kastrup, Jorge Naslauski e outras 20 pessoas

Um dia inesquecível para o surf na praia de Itararé.

Quero saber quem lembra. Um sábado de grande ressaca em nossa querida Itararé, nossa pequena galera vibrava, e logo cedo aquela turminha de sempre estava no curvão buscando aproveitar as enormes ondas. Os praticantes daquela nova moda formavam uma pequena comunidade que surfava, todos se conheciam. Fernandão tinha um começo de barbicha, Mirão ainda tinha as pernas boas, Cocó e seu irmão apareciam sempre com novidades, irmãos Paioli nadavam no Tumiarú, os gemeos Dudu e Carlinhos já despontavam como bons surfistas, Italiano ainda vendia amendoim torrado ( que trocava por empréstimo de pranchas). Até Rogério e Duda Falcão estavam começando a surfar. Tinha também Nei Negão, filho de um zelador que logo se enturmou e era bom. Sálvio,irmão do Sérgio Heleno e sua turminha (na época bem novinhos) começavam. Era o surf se alastrando pela rapaziada. eu e Sérgio Heleno já nadávamos no Internacional, mas todos os dias íamos ao Itararé. Nei Sobral, meu bom amigo, surfava e tinha prancha. Tinha Também Fernando Quizumba e outros que me desculpem não lembrar. São coisas de sessenta anos atrás eminha memória não é tão boa.

Primeiro foi o Nei Negão que saiu da água com uma das mãos na virilha e uma cara de dor. Sangrando entre as pernas , Nei, ao segurar a prancha para passar uma onda aconteceu da prancha virar e a quilha passou como uma faca em sua coxa. Levado ao pronto socorro, levou uns pontos e ficou um tempo sem surfar. Dali a pouco aparece o Nei Sobral também machucado de modo parecido ao do outro Nei. A galera continuou pegando onda, mas agora com muito mais cuidado. Graças a Deus não aconteceram mais acidentes. mas esse dia foi lembrado muitas vezes. Nossos dois amigos iam a praia ver a turma mancando. Mas logo voltaram a surfar.

Por hoje é só.

Aloha!

"VOCÊ, ATENIENSE, CIDADÃO DA MAIS IMPORTANTE CIDADE DO MUNDO, NÃO SE ENVERGONHA DE GASTAR SEU TEMPO JUNTANDO QUINQUILHARIAS, AO INVÉS DE PROCURAR ELEVAR SUA ALMA?"

-SÓCRATES-

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 24/11/2024
Código do texto: T8204351
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