Houve um tempo em que eu vivia alegre nos sorrisos dos outros, como uma criança ansiosa para ganhar um doce. Aquele tempo em que dizer "sim" era mais fácil de encarar o peso de um "não". Era mais seguro agradar, evitar o confronto, acreditar que a harmonia dos outros valia mais do que a minha própria paz. Foi assim por muito tempo. Até que, um dia, simplesmente não deu mais. Não houve um grande acontecimento, nenhum rompante de coragem cinematográfica. Foi algo lento, quase imperceptível. Como quando você entra no mar e, de repente, percebe que a maré já o levou para longe da areia. Comecei a sentir o cansaço de carregar os "sim" que não eram meus. Notei como cada "sim" engolido, cada "não" sufocado, roubava um pedaço de mim. E aí veio a pergunta: até quando? Então, sem aviso prévio, comecei a dizer não. Não com raiva, mas com firmeza. Um "não" limpo, honesto, sem precisar de desculpas longas ou justificativas enfeitadas. Eu disse "não" para aquilo que antes me pesava, e, de repente, me senti mais leve. Não demorou para que o mundo reagisse. Alguns não gostaram. Os olhares se fecharam, as vozes se ergueram. "Mas você sempre faz isso", diziam. "Você mudou", acusavam.
E eu mudei. Mudei porque descobrir que agradar o mundo inteiro não é um bilhete para a felicidade. Descobrir que minha paz vale mais do que a aprovação alheia. Descobri que meus limites não são paredes de um cárcere, mas portas para a liberdade. E essa liberdade, ah, como ela é doce! Agora, vivo no meio de uma dança delicada. Alguns passos ainda tropeçam entre querer ajudar e saber recusar. Mas a dança segue, mais minha a cada dia. Não é sobre ser egoísta, é sobre ser apenas comigo mesma. Eu sei que há quem não entende, quem me olha como se eu fosse menos gentil ou menos disponível. Mas essa sou eu agora: inteira, tranquila e, finalmente, em paz. Se eu fosse escolher entre agradar a todos e viver com a leveza da minha alma, escolheria o segundo, sem pestanejar. Porque a vida é muito curta para ser vivida na sombra do que os outros querem. Então, sigo assim, com meus "nãos", meus limites e minha serenidade. E, sinceramente, gosto muito mais dessa versão de mim.