O Futuro: Esse velho Mistério
Era uma tarde preguiçosa quando o menino , sentado no chão da sala, olhou para a mãe e fez a pergunta que, mesmo sem saber, iria atravessar gerações. “O que vou ser quando crescer?”, ele perguntou com os olhos brilhando de curiosidade. A mãe, entre sorrisos e uma pitada de nostalgia, respondeu com a sabedoria que a vida lhe ensinara: “O que será, será”.
O menino não entendeu bem, mas a resposta parecia cobrir todas as suas dúvidas e acalmar o turbilhão de perguntas que ainda estava por vir. O futuro, afinal, é uma folha em branco que se desenha dia após dia, e não há palavra que consiga revelar seus segredos. A mãe sabia disso, talvez porque, anos atrás, também tenha feito essa pergunta à própria mãe. “Vou ser bonita? Vou ser rica?”, questionava, buscando conforto no olhar que a guiava na infância. E a resposta sempre vinha com a mesma serenidade : “O que será, será”.
Os anos passam e o menino se torna um jovem , mergulhando nas aventuras e desventuras do primeiro amor. Com o coração acelerado e os pés um pouco fora do chão, ele agora pergunta a amada :“O que será de nós? Haverá dias felizes, um arco-íris após cada tempestade?”. Ela segurando suas mãos, lhe responde como quem repete um ensinamento ancestral, talvez sem saber ao certo o que aquilo significa: “O que será, será”.
Ele sorri, meio sem jeito, como se encontrasse conforto naquela frase tão familiar e, ao mesmo tempo, tão enigmática. Afinal, como poderiam saber o que o futuro reservava? Quem, em toda a vastidão do tempo, poderia prever se a vida seria repleta de alegrias ou se o amor resistiria aos desafios? A incerteza, mais do que uma fonte de ansiedade, é também a beleza de existir. O desconhecido é o que nos move, o que nos impulsiona a tentar, a sonhar, a viver.
Décadas se passam, e agora é ele quem segura a mãozinha curiosa de seu próprio filho. A pergunta vem, como uma brisa suave de um tempo que não se pode tocar: “ Pai o que vou ser quando crescer?”. Ele o olha com ternura e sorri, sentindo um calor familiar em seu peito. E, como se estivesse prestes a contar o maior dos segredos, responde com a mesma frase que ouviu de sua mãe, e que a mãe dele , e a avó dele , provavelmente também disseram um dia: “O que será, será”.
Na simplicidade dessa frase está contido todo o mistério e a beleza da vida. Não é sobre saber o que virá; é sobre aceitar que o futuro, com todos os seus desafios e surpresas, só se revela no momento certo. É sobre viver o presente, amar sem medo, plantar as sementes do amanhã sem a certeza de onde florescerão. Porque a vida, em sua essência, é esse grande enigma que se desenrola com cada passo que damos.
“O que será, será”, ele repete, enquanto seu filho sorri, meio confuso, mas contente com a resposta. Talvez ele ainda não entenda o que isso significa, mas um dia, quando tiver suas próprias perguntas e enfrentar suas próprias incertezas, se lembrará dessa frase. E, quem sabe, será ele quem a repetirá, como uma melodia suave que ecoa através dos tempos.
Afinal, o futuro não é nosso para vermos. Ele é um amigo, mas sempre um passo adiante, nos desafiando a seguir em frente, a descobrir, a viver.
E no fim, o que será, será…