FELICIDADE OU FELIZ IDADE?
Hoje acordei feliz. Minha companheira Vida me abraçou carinhosamente, me beijou suavemente me desejando um feliz aniversário, afinal hoje estou completando meus tão almejados sessenta anos. Ela pediu que eu ficasse um pouco mais na cama pois reservara uma bela surpresa para mim. Enquanto ela saia do quarto me pus a olhar pela janela o lindo sol que me visitava nesta manhã primaveril. Seus raios penetravam em minha retina me deixando inebriado pela luz e a energia que tomava todo o meu corpo. Como gesto de agradecimento, eu chorei. Dizem que homem não chora, afirmo, é uma inverdade. Chorei compulsivamente de emoção e agradeci ao universo esta dádiva. Isto é Felicidade.
Minutos depois, vejo minha companheira Vida adentrar ao quarto com um lindo buquê de rosas vermelhas, as nossas preferidas, pois rosas vermelhas simbolizam o ápice da paixão, o sangue que corre em nossas veias. Para os romanos era uma criação de Flora, deusa da primavera e das flores.
Junto a ela nosso casal de filhos, Otimismo e Perseverança. Otimismo me dera de presente um pequeno caderno contendo em suas humildes páginas, rabiscos de esperança, confiança e positivismo, palavras e atitudes imprescindíveis a serem resgatadas e vivenciadas no nosso caminhar. Perseverança me presenteara com um livro onde, em suas páginas amareladas nos convida a seguirmos a nossa caminhada com fé como também sermos persistentes diante dos obstáculos que possam surgir, pois seguindo esta cartilha teremos sucesso em nossos objetivos.
Outro dia caminhando pelas ruas da cidade, encontrei alguns amigos de outrora sentados ao redor de uma mesa assistindo (ou estariam piruando?) um quarteto concentrado numa partida de dominó. Tentei me aproximar, mas não foi possível, pois a atenção do grupo concentrava-se naquele jogo.
Fico a me perguntar – O que significa para estas pessoas chegarem aos sessenta anos? Seria o fim da linha? Falta de sonhos e projetos para continuarem seu caminhar? Se sentem realizados? Felizes?
Questionamentos que talvez eles mesmos não encontrem uma resposta. Nestes meus sessenta anos vividos, estou convicto de que cada um escreve sua história de acordo com o seu entendimento, suas crenças, suas escolhas. Algumas pessoas se perdem em conceitos, aparência física, em acumular riqueza e esquece o primordial que é viver de uma forma sadia preparando o seu corpo e em especial sua mente para enfrentarem a “velhice” com paz e saúde mental.
Na semana passada, numa conversa de família, minha companheira diz se orgulhar de mim, pois ela me vê um sessentão charmoso, bem resolvido com meus defeitos, isento de preconceito onde o referencial é somente viver bem comigo mesmo, me aceitando como sou, com meus erros e acertos.
Aceitando meus cabelos brancos, prova material de que estou aqui para crescer, aprender e por que não ensinar?
Confesso que me senti lisonjeado e como agradecimento dei um forte abraço entremeado de beijos e carícias.
Minha filha Perseverança, também me elogiou, porém me fez lembrar de que a paciência, humildade, bons pensamentos e o respeito para com o outro é fundamental para um envelhecimento sadio. Me senti na obrigação de aceitar tais argumentos, pois ela está coberta de razão.
Meu filho Otimismo não deixou por menos, me elogiou, mas em seguida me fez questionar algumas atitudes que nem havia percebido nesta caminhada. Em alguns momentos me utilizara de falsos argumentos para justificar condutas equivocadas, porém hoje no ápice de minha maturidade me vejo um ser completo. Hoje me sinto mais seguro para fazer minhas escolhas. Conviver com pessoas que agreguem conhecimentos, ouvir mais, falar somente o necessário. Conhecer lugares e culturas diferentes, pois estes ingredientes nos fazem seres melhores e realizados.
Por isso afirmo que valeu chegar aos sessenta anos, com saúde, disposição, mente sadia, corpo nem tanto, mas o essencial é que estou vivendo o melhor momento da minha vida.
Estou chorando mais, sorrindo mais, cantando e encantando muito mais do que no auge da minha juventude. Amadureci, aprendei a me amar, a me aceitar do jeito que sou. Isto é Feliz idade.
Agradeço ao universo por esta oportunidade.
Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 21/10/22