A procissão das baratas

No silêncio podre das horas mortas, elas emergem.

Pequenas sombras viscosas, deslizando em carapaças gastas, ressoando o estalar dos segredos que o chão esconde. Cada antena curva sente o peso de vidas descartadas, restos esquecidos.

Marcham como se soubessem algo que nós não queremos ver, arrastando-se pelas bordas do tempo, testemunhas sujas de um vazio ancestral.

Vão e voltam, imortais no seu horror rastejante, recordando-nos: somos poeira, somos carne perecível.

E, quando as luzes apagam, quem se lembra de quem observa quem?

Betaldi
Enviado por Betaldi em 27/10/2024
Código do texto: T8183290
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