A procissão das baratas
No silêncio podre das horas mortas, elas emergem.
Pequenas sombras viscosas, deslizando em carapaças gastas, ressoando o estalar dos segredos que o chão esconde. Cada antena curva sente o peso de vidas descartadas, restos esquecidos.
Marcham como se soubessem algo que nós não queremos ver, arrastando-se pelas bordas do tempo, testemunhas sujas de um vazio ancestral.
Vão e voltam, imortais no seu horror rastejante, recordando-nos: somos poeira, somos carne perecível.
E, quando as luzes apagam, quem se lembra de quem observa quem?