A ILUSÃO DAS PRIORIDADES
Em cada fase da vida priorizamos o que acreditamos ser valioso. E a própria vida vai nos moldando a essas "necessidades". Na infância, há um amor inquestionável pelos pais, sustentado pela dependência e pela ingenuidade. A criança não escolhe, apenas absorve; confia cegamente nos adultos que a cercam, pois desconhece a complexidade do mundo. É um amor instintivo, quase animal, pelas figuras que simbolizam proteção.
Na adolescência, o foco muda abruptamente para si mesmo. O adolescente se torna o centro de seu próprio universo, alimentando um amor-próprio inflado, mas muitas vezes frágil e também incerto. Há uma busca desesperada por afirmação. A prioridade é identitária, ou seja: entender quem ele é.
Quando jovens, cheios de ambição e curiosidade, só temos olhos para o mundo. Passamos a valorizar ideias, causas e promessas de transformação. O que vale é conquistar espaços, deixar nossa marca. No entanto, esse amor pelo “mundo” é também um reflexo de nossa própria busca por sentido. É uma fase intensa, mas marcada por ilusões e desilusões, onde tudo parece tanto desafiador quanto ajustado.
Então chega a vida adulta, onde o pragmatismo assume o controle. Agora, o que importa é o dinheiro, a carreira, as metas concretas. O adulto sabe que seu valor social e sua sobrevivência dependem da estabilidade financeira. A vida se torna uma série de transações, em nome da segurança. Amar o dinheiro aqui não é uma escolha, mas uma necessidade — e a verdadeira prioridade se torna manter-se competitivo em meio a essa pressão.
Por fim, chega a velhice. O idoso compreende a insignificância das prioridades que antes o consumiam. Ele vê a vida sem as camadas de idealismo ou romantismo que as outras fases lhe impuseram. O ciclo está completo, e ele percebe que as projeções que o guiavam eram apenas fases por uma busca vazia. Então ele se perdoa, amando a ninguém; sabendo agora que valioso é o tempo, que já passou.