DEVANEIOS DO COTIDIANO IDOSO
Essa coisa de escrever mesmo sendo literalmente uma história sem fim, às vezes acontece aquele terror, que todo mundo que gosta de escrever, provavelmente já passou algumas vezes, e claro, saiu ileso do drama, o terror da página em branco brilhando na tela do monitor.
Interessante lembrar que quando se está relatando ou desenvolvendo um texto, o que menos lembramos é justamente a cor da tela, ela se torna coadjuvante da nossa criação e olhe lá!
Quem escreve é provavelmente um observador atento e privilegiado de tudo que ocorre à sua volta, mais tarde estas observações servirão de inspiração para mais uma crônica, ou até mesmo uma simples passagem de um conto policial.
Até mesmo conversas que acontecem no entorno, nos induz a entrar no modo “ouvido de tuberculoso” para assim aproveitar melhor fatos relatados espontaneamente por estranhos.
Uma coisa interessante são as contradições que passamos ao encarar a escrita como uma das opções de uso do tempo. Já dizia o poeta “é impossível ser feliz sozinho”, mas não tem jeito, criar se constitui em atividade eminentemente solitária, se possível em ambiente tranquilo, longe de possíveis distrações ou interrupções cotidianas.
Outra rica fonte de inspiração vem da diversidade de convívio, participar de grupos com diferentes interesses permite acesso a realidades distintas, levando a caminhos alternativos, tanto na hora de comemorar momentos especiais, como na solução de problemas que habitualmente precisamos enfrentar.
Quando me refiro à diversidade de tribos, devo confessar que essa prática é coisa recente, durante muito tempo, confesso que meu universo era bem restrito, até por conta da obsessão pelo trabalho, convivia com diferenciado corpo de funcionários da prefeitura, afinal às oito horas regulamentares de trabalho, mais a preparação diária para o ofício deixava pouco tempo para outras atividades. Mesmo assim, nunca descuidei das atividades físicas.
Passaram a serem poucas as interações com a turma das antigas, e todo mundo sabe, que relações pessoais assim como a maioria das plantas precisam ser regadas com frequência, senão vegetais morrem, no caso das pessoas a ausência de interações leva ao distanciamento que pode ser até irreversível.
Por outro lado, contei com a sorte quando conheci pessoas do tipo agregadoras, aquelas que conseguem formar grupos com grande empatia. O convívio mais constante com essas pessoas que praticam o mesmo esporte criou logo uma identificação inicial.
Então, entra em campo as viagens em grupo, que permite a cada um ter uma visão mais abrangente de quem são essas pessoas que até então eram apenas parceiras em jogos, mas agora agregam uma história de vida, independente se aposentadas, ou ainda exercem sua profissão.
No meu grupo original de tênis, esse algo mais ficou explícito quando esposas passaram não apenas a jogar, mas também a criar momentos festivos, como a festa dos aniversariantes do mês que agregou ainda mais a turma.
A incorporação dos corais ao cotidiano precisou de pouco tempo para perseguir o mesmo objetivo, e as comemorações mensais aproximaram ainda mais essa turma que acredita piamente no princípio que afirma: “quem canta seus males espanta”.
Nessa busca pelo “querer mais”, ainda encontramos tempo para o grupo de beach tênis em Ipanema e também o da praia da Barra em Marataízes, Espírito Santo. Também é capixaba nossa turma que mensalmente proporciona uma caminhada rica em resenha e que mais recentemente incorporou uma novidade gratificante e inesperada, o escambo literário de qualidade.
Outra novidade de caráter eminente técnico, retorno à produção de publicações temáticas com duas profissionais, com quem tive o prazer de dividir autoria de muitos trabalhos acadêmicos ou não, e isso perdurou por um bom tempo. Neste mês de outubro, lançaremos nosso primeiro trabalho não institucional, em breve uma nova publicação do trio de autores ficará disponível para venda.
E assim vou levando esse tempo da terceira fase da vida!!!