Reflexões acerca da Poesia Sábia
Meu caro amigo, permita-me começar esta reflexão com uma pergunta: o que é a poesia?
O poeta sábio, ao tirar a ferrugem das palavras, não estaria ele, por acaso, revelando uma verdade mais profunda? Ao vestir as palavras com brilho de sol e lua, não estaria ele em busca da essência das coisas, aquilo que realmente importa?
Escrever poesia, como bem sabes, é mais do que um mero jogo de palavras. É emoldurar sentimentos com a linguagem do coração, alcançar o sublime através do comum. Seria correto afirmar, então, que a poesia transcende o belo som das palavras? Sim, sem dúvida, pois ela pode se manifestar no mais absoluto silêncio de um olhar.
Ora, há quem diga que o poeta é um fingidor. Mas eu pergunto: não é a missão do poeta cantar a realidade da vida? E ao fazê-lo, não está ele mais próximo da verdade do que qualquer fingidor?
Poesia e filosofia são irmãs, não achas? Juntas, explicam a vida com uma beleza que nenhum tratado ou argumento lógico poderia alcançar. Uma vida sem surpresas é uma vida sem poesia, como um corpo sem alma é um corpo sem vida. Da mesma forma, um poema sem poesia é apenas uma coleção de palavras, vazio de essência poética.
Quando a poesia se cala, o poeta se engaveta. Mas a poesia, caro amigo, pode ser encontrada em qualquer lugar, até numa simples pedra. No entanto, nunca num poema mal feito. O bom poeta, como o bom filósofo, é zeloso com as palavras, mesmo quando fica em silêncio. Existe poesia sem poeta, mas nunca poeta sem poesia.
E quando nada mais nos surpreende na vida, acabou-se a poesia de viver. Só os poetas têm o poder de contemplar a poesia que jorra do nada. O maior encanto do mundo é o descobrimento da poesia.
A poesia é um segredo que o poeta resolve revelar para o mundo. É um bálsamo neste mundo em decomposição. O poeta sábio é como a chuva que lentamente esculpe a face das pedras. E a poesia sempre aflora onde o amor é cultivado.
O poeta apenas dá forma e sonoridade ao texto que já nasceu em seu coração, pleno de poesia. A poesia mais bela é aquela que não depende de palavras para existir. É aquela que existe por si mesma. Quando a poesia explode, não causa terror, não mata ninguém. É vida, esplendor, é chuva de amor, melodia do bem.
Então, meu amigo, não sejas mais um poeta no mundo, pois o mundo já tem muitos. Seja você mesmo, com sua forma exclusiva de ser, com sua maneira única de dizer. E os leitores da boa poesia te agradecerão.
- Antonio Costta