A Universalidade de Valores Para Uma Boa Vida: Do Budismo a Epicuro
Apesar de meu ceticismo e ferrenha crítica, reconheço certos valores presentes nas religiões. Elas oferecem ensinamentos importantes, apesar de se colocarem como um falso alívio para o peso da realidade. Entre todas, o budismo se destaca para mim. Não pelo seu lado místico, mas pelos seus ensinamentos éticos.
O budismo valoriza o essencial para uma boa vida, defende a simplicidade (o desapego de objetos e ao excesso de desejos) e a conexão real com as pessoas. Ensinamentos que, curiosamente, também encontrei na filosofia grega desde as minhas leituras na adolescência, especialmente em Epicuro.
Nessa religião, a simplicidade é um princípio central. A prática do desapego é fundamental para alcançar a paz interior e a verdadeira felicidade. Desapegar-se dos desejos materiais e das ambições excessivas permite que o indivíduo se concentre no que realmente importa: a conexão genuína com os outros e o desenvolvimento do caráter. Essa cultura oriental ensina que o sofrimento surge do apego e do desejo incessante, e que a libertação desse ciclo só é possível através da simplicidade e da aceitação do presente.
Epicuro, um filósofo que admiro profundamente, dizia que a felicidade está na ausência de desejos excessivos. Quanto menos desejamos, mais facilmente nos realizamos. Esse pensamento, embora vindo de um materialista, ressoa profundamente com os ensinamentos budistas. Ambos, de maneiras distintas, chegam à mesma conclusão: a verdadeira felicidade está na simplicidade e nas conexões humanas.
O filósofo cético defendia que a felicidade está na simplicidade e no controle dos desejos. Para ele, a verdadeira satisfação vem da ausência de desejos excessivos e da busca por prazeres simples e naturais. Epicuro valorizava as amizades e acreditava que as vivências compartilhadas com as pessoas eram essenciais para uma vida feliz. Assim como no budismo, a filosofia epicurista enfatiza que a felicidade não está na acumulação de bens materiais, mas na qualidade das relações humanas e na serenidade que vem de uma vida moderada e equilibrada.
Esses valores, que cultivo desde cedo, percebo como são tão universais. Eles transcendem culturas e épocas, mostrando que, no fundo, todos buscamos as mesmas coisas. E é essa busca que dá sentido à vida, seja para um cristão, budista, ateu ou agnóstico.
27.09.2024