Somos As Estrelas Que Esquecemos Ser

A vida humana, desde seus primórdios, foi marcada por uma ânsia incontrolável de se mostrar, de possuir e de dominar. Carros, casas, jóias, títulos, conquistas — não passamos de seres que, em nosso afã de superioridade, oferecemos presentes, acumulamos vitórias e, às vezes, até ajudamos nossos filhos, como se tudo ao redor fosse um reflexo de nós mesmos. Mas em algum ponto, uma dúvida sussurra, como um eco longínquo: viver para os outros não seria, no fundo, uma renúncia a viver verdadeiramente? Não estaríamos, sem perceber, jogando fora o tempo que temos, desperdiçando nossa essência com aquilo que é trivial?

Qual é, então, o propósito? Nós, fragmentos de estrelas antigas, partículas de uma supernova, vagamos por este pequeno planeta como seres que, em sua grandiosidade esquecida, se preocupam com o que vem após a morte. Mas, pense bem: há vida além da morte, ou estamos apenas projetando nossos medos? O que não enxergamos, nessa busca incansável por respostas fora de nós, é que não há ninguém para nos responder. O silêncio que encontramos é apenas o reflexo de que nós mesmos somos a resposta. Por que ignoramos a nossa própria divindade? Por que preferimos olhar para fora quando tudo, absolutamente tudo, já habita dentro de nós?

Somos como viajantes que escolhem a estrada mais difícil, acreditando que as dores, os amores, os desejos deste mundo finito são as lições mais preciosas. Não estamos aqui por acidente. Esta vida, com todas as suas sombras e luzes, é uma escolha do cosmos. Mas o que nos cega é a nossa incapacidade de compreender essa verdade. Nos tornamos infelizes, insaciáveis, sempre buscando mais, sempre correndo atrás de algo que sentimos estar fora de alcance. E, no entanto, enquanto nos consumimos na busca, esquecemos que a resposta sempre esteve aqui, enraizada na nossa própria essência.

Nosso DNA, essa fita mágica que nos liga à Terra, é o testamento de nossa ancestralidade cósmica. Viemos de longe, mas escolhemos temporariamente esta casa, este planeta, para viver, para sentir, para experimentar. Não controlamos o mundo. Não podemos acabar com a fome, a miséria ou a dor de todos. E ainda assim, tentamos, sonhamos com esse controle, como se fosse nossa missão. Mas nossa verdadeira missão é experienciar. Somos, todos nós, seres imensuravelmente poderosos, vestindo corpos frágeis, desejando o impossível, mas vivendo o necessário.

Quando seu tempo neste mundo findar, e o último suspiro da sua existência física se dissolver, você verá. No silêncio eterno que seguirá, toda verdade lhe será revelada. Você lembrará deste texto. E naquele instante, toda dúvida será dissipadora. Não duvide de si, nunca duvide do imenso poder que carrega dentro. Você é uma estrela, literalmente, formada pela Terra, mas sua verdadeira morada não é aqui. Seu lar real, sua essência primordial, está em algum ponto no espaço-tempo, onde nos reencontraremos para partilhar as memórias desta vida passageira.

Até lá, viva sem medo. Sinta sem reservas. Não busque respostas fora de você, porque elas sempre estiveram — e sempre estarão — dentro de cada célula, cada pulsar do seu ser. Este ciclo de vida que agora habita é apenas um intervalo. No fim, reencontraremos nossa verdadeira casa, e com ela, entenderemos que jamais fomos frágeis. Apenas esquecemos, por um breve momento, que somos feitos da mesma matéria que forma as estrelas.