A Dança das Arvores

**A Dança das Árvores**

Numa manhã em que o sol mal começava a despontar no horizonte, eu me vi cercado pelas árvores do parque da cidade. Elas se erguiam imponentes, como se fossem antigas guardiãs do tempo, testemunhas silenciosas de tantas histórias e segredos. As folhas dançavam ao sabor do vento, criando uma sinfonia suave que acalmava minha alma e despertava meu olhar para a beleza do que nos rodeia.

Caminhei lentamente, pisando na grama macia, e mergulhei meus pensamentos na natureza ao redor. Cada árvore tinha sua própria personalidade: a frondosa árvore de flamboyant, com suas flores vermelhas vibrantes que pareciam celebrar o verão; o imponente ulmeiro, cuja sombra convidativa oferecia refúgio a muitos passantes; e o elegante cipreste, que, com sua postura ereta, parecia vigiar os segredos da vida que se desenrolavam ao seu pé.

Em um canto do parque, uma pequena criança brincava, correndo entre os troncos. Seus risos ecoavam, misturando-se ao canto dos pássaros que aninhavam nos galhos. Ali, as árvores se tornavam mais do que apenas vegetação; eram personagens de uma peça que se desenrolava, oferecendo abrigo e amor em suas ramificações. A menina abraçou o tronco de uma árvore robusta, como se conversasse com ela em um idioma secreto que só a infância conhece.

Sentei-me em um banco, observando a cena e refletindo sobre o quanto muitas vezes negligenciamos essas testemunhas silenciosas. As árvores não apenas nos fornecem sombra e beleza, mas são essenciais para o equilíbrio do nosso ecossistema. Elas respiram, crescem e se adaptam, assim como nós. Em suas raízes firmes, encontro a metáfora da resiliência humana, um convite para que nos apeguemos ao que realmente importa.

Quanta sabedoria está escrita nas anéis de uma árvore velha? Quantas histórias sombrias e alegres guardam em cada folha que cai? A vida se renova constantemente, e, assim como as estações, nós também passamos por ciclos. As folhas secas, que ao cair parecem trazer um fim, são, na verdade, precursoras de um novo começo.

Enquanto o dia avançava e as sombras se alongavam, percebi que as árvores nunca estiveram realmente sozinhas. Elas se entrelaçam em um fundo comum, conectando-se por redes invisíveis de comunicação. Essa sinfonia silenciosa de raízes, galhos e folhas é um lembrete de que somos parte de algo maior. A natureza nos ensina sobre comunidade, pertencimento e a importância de cuidar do nosso mundo.

Levantando-me, dei uma última olhada, hibernando na lembrança do amor que as árvores transmitem. Sabia que, independentes ou entrelaçadas, elas sempre estarão ali, oferecendo abrigo e inspiração, enquanto nós, por nossa vez, aprendemos a dançar junto a essa melodia eterna da vida.

Vera Salbego

Salinas

21/09/24