Vida na vida
Essa vontade de acolher pessoas, cuidar de vidas, que muitas vezes foi apenas um encontro de almas tão necessitadas de algo: uns de alimentos sólidos, água, pão, tudo para preencher um estômago que anda sempre vazio ou com alguns alimentos ainda não muito aceitáveis. Encontramos também almas fartas de toda riqueza, porém com porões obscuros, nem sabendo como vão esconder tais cômodos impróprios para serem cuidados.
Tem almas como uma fonte seca, pois foram muito sugadas, maltratadas; derramaram veneno, logo a fonte ficou tão amarga que, ao longo da jornada, secou de solidão. Essa pulsação para fazer algo, trazer um socorro imediato, orar, clamar, levar à oficina onde foram restauradas pelo Absoluto Mecânico, Engenheiro e Criador de toda máquina, espécie e vida.
Donde vem essa nossa compaixão se for além mesmo do nosso coração? Além da nossa boa e valente vontade de servir. Trabalhadores de compromisso em total extinção, mãos que colocam as mãos no grande arado da vida. Trabalhadores que largam tudo para entrar no navio onde muitas vezes é preciso remar devido à falta de vento ou motor quebrado.
Uma seara de necessidades, de mãos para acolher, ouvidos para apenas sentir vozes que ecoam pedindo socorro. Íris que esperam luz, paz e respostas, onde corações estão amargurados, sem esperança, porém gritando por um colo, por uma fala que chegue além dos seus ouvidos tapados.
Trabalhadores improváveis, sem muita atenção ou beleza. Contudo vão porque o Absoluto Deus os convocou para esse encontro humano, essa necessidade de cuidar; pois foi e sempre será gente cuidando de gente no poder do Amor além de nós, além da nossa vontade e além do nosso próprio ser.