Realidade
Desvencilhando-se da realidade mórbida cada qual segue a sua rota orgulhosa e egoísta rumo à satisfação transitória de um eu faminto e inútil.
Inútil pois é solitário e fraco em uma luta onde o coletivo é que deveria ganhar. E realmente ganharia não fosse a venda tosca que cada um aceitou fosse colocada nos olhos.
A luz nos cegaria hoje se fosse vista de frente, mas cego estou justamente por não querer vê-la. E porque deveria vê-la? Se a realidade que ela revela não é mais o alimento impuro que a minha alma, também impura, precisa para permanecer viva.
Uma sobrevida inútil da qual a realidade mórbida não mais me pertence e da mesma forma, injusta, de fato, me foi roubada quando era somente eu um prejuízo para a sociedade.
Fato é que o orgulho e o egoísmo tomou tanto espaço em meu âmago que a realidade se desfez em quimeras e não voltará mais existir. Vivo assim desprendido de tudo, menos de mim mesmo pois sou eu o único que vê que está sendo enganado por esta realidade mórbida onde cada qual pensa apenas em si?