O momento do sonho.
Em todas as situações da minha vida, senti que não pertencia ao espaço/tempo que eu via. A dor da perda era sentida, mas não da forma intensa que sempre imaginei. Parece que sou um telespectador, alguém que chora a morte de seu personagem preferido, mas sabe que ao desligar a TV, tudo voltará ao normal.
As dores mais profundas do ser humano são breves momentos de tristeza, e isso me incomoda. Como posso ser tão frio? Será que não tenho amor por ninguém?
Até o amor que me machucou algumas vezes parece não ter lugar em meu âmago. É profundo quando recente, e raso ao envelhecer.
Descobri que amo ser e estar, ouvir música pela madrugada, assistir a um filme repetido, dirigir na madrugada, fantasiar momentos impossíveis, e pensar que sinto como todos.
Depois disso, volta a ser quem sou, aquele que espera o próximo sonho, a próxima fantasia, e o momento seguinte.