Tempestades passageiras

E não há nada mais recompensa(dor) do que após atravessar as maiores tempestades de nossas vidas, descobrirmos nosso lugar no mundo. Perceber que estamos no lugar certo fazendo a coisa certa, ao lado das pessoas que merecem estar conosco. Quando digo merecer, não é por pretensão, mas porque diante de um cenário desafiador, é muito comum sermos rejeitados, abandonados; tão raro olharmos para o lado nessa situação e ter alguém que segure firme nossas mãos e nos aponte uma direção, alguém que ofereça abrigo até a tempestade passar, que não vá embora depois disso, mas que celebre a vida conosco, num delicioso banho de chuva ou no aconchego de um papo que nos faz esquecer o relógio e as agitações do dia a dia. Daí, somos também surpreendidos por aquela sensação de gratidão, até mesmo pelas dificuldades. Por entender que estas nos moldaram sabiamente, lapidando nosso caráter, aparando as arestas, removendo os excessos e o que impedia nosso processo de evolução como seres humanos. Então, a gente se liberta daquilo que travava nossas vidas e nossos planos, entende que nada se tratava de uma conspiração do universo contra nós, pelo contrário, tudo cooperou para o nosso bem. O que ocorre, e é tão comum, é que quando estamos a atravessar um momento muito delicado, ficamos imersos na neblina da incerteza e fica difícil enxergar ou tentar vislumbrar algo de bom e positivo mais à frente, e é por isso que é tão vital a gente silenciar, se acolher, cuidar da mente e coração, curando feridas internas a fim de apurar nosso olhar e ver as coisas por uma nova perspectiva. É um alívio que exige um tempo, um processo para ocorrer, mas antes, teremos de reunir força e coragem para vencer as adversidades que chegam para nos abater; conquanto à longo prazo, tudo começa a fazer sentido, porque encontramos também um novo sentido para o nosso viver, começamos a entender que tudo, absolutamente TUDO, corroborou para a gente amadurecer. O que antes latejava, parou de doer. As cicatrizes contam histórias e relembram da nossa força para prosseguirmos confiantes que a vida pode sempre nos surpreender... para o bem ou para o mal... essencialmente para ampliar nossos horizontes e termos a certeza que podemos superar muitas coisas se a nossa fé, coragem e determinação não faltar. Porque se houver um "fim da linha" , podemos traçar novas rotas. Mesmo que existam "derrotas", já somos vence(dores) por não desistir. Nossas dores terão sido divisores de água. Somos os mesmos, com vários enredos... porém, transformados. Forjados no fogo das labaredas da vida. Impulsionados pelos ventos e suas faces. Corajosos diante das grandes tempestades, pois elas passam, sempre passam... e sempre ressurge um novo arco íris para deslumbrar nossa visão.