UMA VEZ JÁ NÃO MAIS EU

Era uma vez eu, e somente eu com a lua, um sonhador romântico e apaixonado, alguém disposto a viver malgrado tudo e os obstáculos tão comuns a todos. E era apenas uma vez, sem nenhuma perspectiva, nada além, nada mais porque quem sonha em demasia como sempre fiz ou vira poeta, ou mero louco perdido nas brumas das quimeras. Quem como eu fui uma vez, príncipe desencantado à procura da princesa desenhada nas utopias dos meus poemas, não será muito mais do que uma vez.

Portanto ousei ser e fui, pois nos contos de fadas o impossível inexiste, qualquer anelo se materializa e vive, até mesmo as lágrimas se transformam em sorrisos. Então, visando esse horizonte inacessível aos meros mortais, eu mesmo orbitei nas plagas do era uma vez.

Nesse universo muito além da imaginação mais prolifica cavalguei pelas planícies reais e pisei os salões luxuosos de castelos nababescos, sendo recebido por reis, rainhas e princesas. Na realidade onírica da fantasia, unicamente nela e seus encantos.

Sim, eu era uma vez, ou fui sem ser, desprovido de vez. É que sonhadores e poetas somos assim mesmo tresloucados, vivemos cotidianamente no mundo da lua, das ondas do mar, de sua profundidade absoluta, dos campos fantásticos. Em sendo por vez, e era uma, o eu parei de ser, embalei-me nos braços afáveis da irrealidade descoberta tão-só no palácio dos sonhos. Sim, era uma vez eu, todavia uma vez já não mais sou.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 27/08/2024
Reeditado em 27/08/2024
Código do texto: T8138442
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