INIBINDO A CERA CASTELHANA NO FUTEBOL

Vou começar essa crônica declarando meu amor incondicional ao futebol bem jogado, aquele que hoje exige elaborado preparo físico, mas onde ainda resta espaço para cadenciar movimentos, buscando assim quebrar as atuais bem montadas estratégias de defesa.

Hoje, independente do país, se busca jogar um futebol que em última análise premia torcedores, que pagam caro para comparecer ao estádio e assistir de perto esse espetáculo com protagonistas que convivem com os maiores salários entre atletas, independente do esporte praticado.

Quando se transfere o foco do futebol para a América do Sul, se tem a nítida impressão de se entrar numa espécie de túnel do tempo, aqui ainda se pratica um futebol vintage, independente do país que ocorra o confronto entre equipes.

Nos últimos anos, o futebol brasileiro, com ênfase para o carioca, que no último triênio dividiu entre três clubes (Flamengo, Fluminense e Botafogo) dos quatro definidos como grandes (mais o Vasco) a hegemonia do futebol continental.

Os altos investimentos levados a cabo por clubes brasileiros, trouxeram para cá os melhores atletas de nossos vizinhos ou não sul-americanos. Isso fica patente com a explosão de jogadores estrangeiros atuando no Brasil.

Hoje quando uma seleção de língua espanhola entra em campo, a maioria de seus atletas além do uniforme do país, usa com maior frequência a camisa de algum clube brasileiro.

Como consequência dessa superioridade econômica brasileira, são poucos clubes estrangeiros que conseguem enfrentar de igual para igual os times daqui.

Se no passado, as equipes brasileiras, mesmo as melhores, não conseguiam vencer jogos fora do Brasil, função das arbitragens arbitrárias e ausência de transmissão televisiva, o bicho pegava em campo, no final das contas essa realidade acabou sendo aceita, e os títulos de campeão do continente se dividiam entre equipes que falam castelhano.

Trazendo o foco para a atualidade, passou a ser comum equipes virem ao Brasil bem treinadas para impedir que os jogos transcorram normalmente.

Você até aceita uma cera em final de jogo, para garantir o resultado favorável. Agora, mal começa a disputa, e as visitantes disparam o processo de impedir que a partida tenha continuidade.

Não importa onde a bola esteja, qualquer contato, vale lembrar que o futebol em síntese é um esporte de contato. Pronto, se tem bola dividida, está lá um corpo estendido no chão. A partida fica paralisada para que eese ator bufo seja atendido pela equipe técnica.

Essa história vai se repetir indefinidamente pelos noventa minutos, e claro, com a participação especial dos goleiros, estes sim merecedores de uma premiação especial, um fair-play às avessas, conscientes de que são os únicos a efetivamente paralisar uma partida por tempo indefinido. Além das firulas, que habilmente desenvolveram, com vôos espetaculares para bolas que pingam na sua área.

Nos escanteios, provocam contato direto com adversários e se desmontam ao tocar ao chão, simulando contusões imaginárias. Novamente a equipe vai entrar em campo, e a partida ficará interrompida.

E essas histórias vão se repetir, agora com o agravante de pseudo cansaço, que vai gerar câimbra que servirá de desculpa para uma substituição do ator, que sairá de maca, mas que tão logo transponha a linha lateral, e numa espécie de milagre, sairá caminhando normalmente em direção ao banco.

Quando uma bola sai pela lateral, muitos jogadores passarão ao seu lado, mas ela só será efetivamente reposta, quando um atleta que estiver bem longe, calmamente se aproximar, para repô-la em jogo.

Enquanto isso, o árbitro impassivo persistirá, achando tudo natural, nessa altura, a paciência do time prejudicado e de seus torcedores acabarão perdendo a cabeça dentro de campo, o que pode gerar aplicação de cartões, que culminarão com a expulsão de alguma peça importante do time.

Agora para que serve a Conmebol, afinal sua razão de existir em tese, seria organizar torneios sul-americanos, e claro, coibir o antijogo. Minha proposta, simples e de pronta execução. A cada parada de jogo o cronômetro do árbitro também permanecerá estático. Assim, nem seria necessário punir a cera, fatalmente a prorrogação atingiria vinte minutos ou mais, e acabaria desencorajando equipes de dela se utilizarem.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 10/04/2025
Código do texto: T8306289
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