Verdades sobre o Natal
Dionysius Exiguus, isto é, Dionísio, o Pequeno, foi um monge cita ou armênio que nasceu no final do séc. V e morreu por volta de 540 da nossa era. Estudioso da vida de Cristo, Dionísio, o Pequeno, propôs que o ano do nascimento de Jesus fosse o do início da era cristã. Mas verificou-se depois que, por um erro de cálculo, o ano I da nossa era, proposto pelo monge cita, não coincidia com o ano de nascimento de Jesus Cristo. Segundo o capítulo 2 do Evangelho de São Mateus, Herodes Magno foi o responsável pelo massacre de inocentes e pela fuga da Sagrada Família para o Egito. Ora, Herodes Magno morreu no ano 4 antes de Cristo. Isso significa que Jesus Cristo deve ter nascido no mínimo quatro anos antes de Cristo... por mais absurdo que isso possa parecer.
O dia 25 de dezembro era o de uma festa pagã. Era um dia consagrado ao Sol, porque é nesse dia que começa o retorno do Sol ao seu zênite. Os egípcios celebravam o dia 25 de dezembro como a festa máxima de seu deus Osíris. Os persas festejavam nesse dia, nas comemorações da entrada do solstício de inverno, o nascimento de Mitra, um deus persa popular entre os romanos da época. Aliás, os magos, de que nos fala Mateus no citado capítulo 2 e que foram adorar o menino Jesus, eram na verdade sacerdotes persas e não reis. O sacerdote persa era chamado de “mago”. O deus Mitra, diga-se de passagem, era representado pela figura de um menino.
A Igreja aproveitou essas festas para incluir nelas também a do nascimento do seu Deus feito homem, embora haja evidências de que Jesus Cristo teria nascido no mês de março (signo de peixes). Como os cristãos da época já tivessem aceitado a data, o Papa Silvestre I oficializou-a, na reforma da liturgia católica. O reinado espiritual de Silvestre I ocorreu entre 314 e 335, sob o reinado temporal do Imperador Constantino I, o Grande, que instituiu o cristianismo como religião oficial do Império Romano.
Na Grécia católica, a partir do séc. III, o Natal era celebrado no dia 6 de janeiro. Graças à reforma de Silvestre I, unificou-se a celebração do Natal no dia 25 de dezembro, mas o dia 6 manteve suas festividades, na comemoração da visita dos magos à gruta de Belém. A construção dos presépios, celebrando o mistério da Natividade, foi introduzida nos festejos de Natal por São Francisco de Assis (circa 1182-circa 1226), possivelmente em 1220, quando voltou à Itália depois de sua estada no Marrocos (1213) e no Egito (1219).
Com relação a Papai Noel, sua vulgarização no Brasil é posterior a 1930. Sua origem está na lenda que cerca a vida de S. Nicolau, bispo de Mira, que viveu no séc. IV, patrono da Rússia e dos escolares. S. Nicolau teria fornecido bolsas de ouro a três moças pobres e ressuscitado três crianças. Os alemães é que teriam sido os grandes divulgadores tanto do Papai Noel quanto da árvore-de-natal (Tannenbaum). A figura do velhinho com roupa e capuz vermelhos e bota negra surgiu de uma descrição de um poema de 1822 do professor Clement Clarcke Moore institulado “The night before Christmas”. Com base na descrição desse poema, Thomas Nast (1840-1902), fez um desenho, mas em preto e branco, que publicou na revista Harper’s Weekly, de Nova Iorque, em 1863. A cor vermelha tornou-se oficial em 1931, quando Haddon Sundblom criou uma campanha publicitária para a Coca-Cola. A figura anterior do Papai Noel representava-se com um hábito talar, uma carapuça cônica e uma barba em ponta.
A tradição de se iluminar a árvore-de-natal se deve a Martim Lutero (1483-1546), por volta de 1525, após o seu casamento. A árvore-de-natal só chegou ao Brasil no início do séc. XX, por volta de 1909.
O relacionamento estreito entre a religião católica e o paganismo está presente até mesmo no nome da sede da Igreja Católica: Vaticano era o deus dos romanos que fazia profecias (o nome “Vaticano” se relaciona semanticamente com “vate” e “vaticínio”) e presidia os primeiros gritos dos meninos. Era representado sob a forma de uma criança gritando. O verbo latino uagio (cujo infinitivo é uagire ou vagire) é uma formação expressiva (“fazer uá”) para designar o grito das criancinhas, por isso, não raro, o nome Vaticano era confundido com “Vagicano”.
De qualquer forma, ainda que fruto de equívocos, o Natal não é uma data apenas restrita ao dia 25 de dezembro, mas uma época, um período de tempo que vai de meados de novembro até o dia 6 de janeiro, uma época em que as pessoas põem em prática seu espírito cristão de fraternidade e de paz e se iluminam na fé que as ajuda a viver e lhes dá alimento à alma...