Natal... Ao invés de alegria...
Não consigo sentir felicidade nessa data, já li muito a respeito, quando pessoas me disseram que o Natal tem lá seu lado especial, de confraternização, esperança, fé e blá, blá, blá.
É dura a realidade, pessoas enriquecem mais nessa época vendendo seu produto de consumismo, enquanto outras - as mais necessitadas - passam fome e sede não somente do que comer e beber, mas de presentes.
Passam pelas ruas em que transitam diariamente procurando o que comer e um trocado que lhes pague alguma comida em casa, depram-se com vitrines lindas enfeitadas de árvores iluminadas por piscas que acendem e apagam.
Sua realidade é bem outra, muitas vezes a única luz que vêem piscando a noite de suas casas são os tiros que escutam lá fora, rezam embaixo da cama - quando existe uma - para que um tiro desgovernado não a atinja ou de que não entre ninguém para chacinar-lhe a família.
Natal de crianças famintas e sem um carrinho ou boneca para que brinquem no chão de barro.
Sim, sinto compaixão, tristeza, meu sentimento nessa época se torna ímpeto de amor e revolta.
Pessoas que se tornam solícitas e solidárias por alguma razão.
Talvez essa época desperte em alguns o sentimento do amor esquecido, ou então procurem redenção.
Natal é triste, talvez também fale isso por nunca ter passado necessidade na vida, não como a que vejo sendo passada por crianças hoje, nessa minha visão mais madura.
Natal, me pediram que fosse mais branda, menos dura, mais amena e doce ao me referir ao Natal.
Quem prova que Cristo nasceu no dia 25 afinal?
Quem instituiu mesmo esse nosso calendário?
No final das contas o que sei, é que pessoas ricas se tornam fatalmente, mais ricas nessa época.
Shoppings fecham mais tarde, centro da cidade vira um caos, sim aquela Rua 25 de Março, onde pessoas se acotovelam e se pisam pra pegar uma boneca de plástico numa oferta de última hora por "5 real".
Onde nas ruas, camelôs fazem a festa, passando adiante CDs e DVDs pirateados e fazem seu Natal mais feliz dessa maneira, mesmo que sua felicidade seja em torno da prosperidade de algum artista que um dia passou tanta necessidade quanto ele, mas que prosperou.
Natal dos consumidores, dos alienados, dos exploradores.
Aí que páro e penso, seria isso que Jesus Cristo realmente queria e ainda quer?
Nem precisa ser muito sábio pra essa resposta.
Cada um de nós a temos dentro do peito ou até mesmo na consciência.
Do coração e da mente nada escapa,nem a hipocrisia, utopia, ideologias e pensamentos impossíveis.
É Natal... Ainda há tempo de dar um beijo em quem deixou de dar, fazer a doação que deixou de ofertar...
Amar ao próximo como a ti mesmo talvez nunca houvesse conseguido amar.
Essa é a mensagem de Natal que deixo a quem quiser ler, pois é isso que penso do Natal, verdadeiramente.
Paz e luz...
SP 13/12/2005