A METAMORFOSE DA ÁRVORE DE NATAL

Hoje em dia, a árvore de Natal é um símbolo universal da celebração natalina, adornada com luzes, enfeites e estrelas, trazendo alegria e esperança para lares ao redor do mundo.

O parágrafo que serviu de introdução não seria uma fantasia como é nestes tempos modernos. Há um século antes do nosso, não se encontraria quem discordasse das palavras iniciais que mais parecem um filme da sessão da tarde que não nos cansamos de assistir.

Antes do caro leitor me considerar um saudosista, digo que meus sentimentos estão se igualando ao do Senhor Barriga quando tenta receber o aluguel do Seu Madruga. Vou me fazer entender, e espero que você me responda ao final se minha frustração é vã. Aguardarei sua resposta como uma criança que espera o Natal.

Tenho passado meus olhos sobre matérias na mídia que contam o que tem acontecido com o velho pinheirinho das últimas décadas. Aquilo que era quase uma cerimônia para a montagem e decoração da arvorezinha pelas mãos da mesma família está sendo confiado a profissionais em decoração que as montam sobre os mais variados palcos.

Cada vez mais distante de ser e estar nas lembranças da família, nossas aconchegantes árvores que duravam poucos dias já não nos convidam para o ritual dos enfeites e dos embrulhos dos presentes aos seus pés. Sinto que, de modo inconsciente, estamos tirando a presença delas da intimidade de nossos lares e enviando-as às passarelas da ostentação e do consumo frenético.

As casas de celebridades são um desses palcos, pois um mercado em expansão encontrou nelas solo fértil para plantar altas e luxuosas árvores artificiais, chegando a custar o preço de um carro de porte médio zero quilômetro, sendo exibidas como um troféu em busca de recordes no disputado hall da fama que dura pouco mais que uma bolha de sabão.

Veja só, em Londres, uma tradicional árvore natalina foi inaugurada. Para muitos, ela se parece mais com uma espiga de milho iluminada do que a atração que deveria ser. Londres, campeã em novidades, poderia evitar a chuva de memes que recebeu na internet. Não é para menos, pois o encanto que se esperava do símbolo natalino ficou tão brega como um carro na vitrine com um enorme laço no capô.

Aqui no Brasil, uma dessas ousadas árvores que deveria flutuar sobre uma lagoa teve vida curta. Sua altura equivalente a um prédio de dezoito andares ruiu antes da inauguração tornando curta também a vida de um jovem que fazia parte da equipe de montagem.

Incomodo-me ao narrar coisas assim, sem ver e apresentar o lado bom dessa metamorfose. Porém, como tudo que é novo já foi velho, esta fase de mutação de um dos mais singelos símbolos natalinos ainda está por amadurecer e perder seu glamour. Quem sabe, meus esperados netos se alegrarão ao decorarem modestos pinheirinhos junto aos seus pais.

Dos picos da insensatez aos vales do trágico, continuaremos a assistir a cada dezembro a mutação dos ícones culturais do Natal, esforçando-se para serem uma pálida sombra da imagem do Deus encarnado na manjedoura. Esperando seus comentários, despeço-me com um profundo desejo de que você e sua família tenham um abençoadíssimo Natal com sua maior luz que tem o nome Jesus.