PELA CENA DE DENTRO

SIM, o tempo pode não ser a mudança consumada dos cenários, assim me ensinaram as minhas BOLINHAS DE NATAL.

As da minha infância eram de vidro reluzente, nas mais fortes nuances e nos mais incríveis "designs" .

Tinham as cores e o brilho dos olhos das ingênuas fantasias e quebravam como as ilusões pelo tempo, ao mais leve toque das mãos.

Eu, com todo cuidado, brilhava junto a elas ao montar a minha árvore natalina.

Com o tempo , aprendi a colecionar as bolinhas dos caminhos, as das mudanças das horas, agora feitas de diferentes e mais resistentes materiais, alguns inquebráveis , como certa bolinha decorada em resina sintética com motivos da infância, que certa vez, encantada , comprei num local longínquo por onde passei.

Naquela bolinha eu me enxerguei lá dentro e resolvi me levar comigo para sempre.

De repente , ao olhar minha árvore, lembrei que há dezoito anos, aqui no Recanto das Letras, fiz um Soneto às bolinhas de Natal da minha infância, um poema que, chegada essa época, uma amiga sempre me pede para repostá-lo nas redes sociais.

É assim que sempre acendo um pisca- pisca no meu cenário de dentro, a despeito dos cenários do nosso mundo de fora.

É quando a aura Natalina me relembra de que minhas bolinhas de Natal, independentemente do seu material e do tempo, estarão para sempre iluminadas no meu NATAL DE DENTRO, fulgurando todos os propósitos.

Acredito que seja esse um dos grandes milagres do Natal.

Feliz propósito a todos.

BOLINHAS DE NATAL

Soneto

Ah...eu sinto tanta saudade...

Daquelas bolinhas de Natal!

E dos tantos enfeitinhos coloridos

Soprados em vidro...como o cristal.

"Panelinhas de pressão",lindos palhaços,

Ponteiras e penduricalhos reluzentes...

Lapidados...todos muito delicados,

Esfacelavam ao manuseio negligente.

Do campo, num galho seco e perfumado

Eu adornava o Natal da minha infância

"Minha neve"...era de algodão desfiado,

Simplicidade... que carrego na lembrança.

Eu não sei o quê mudou na realidade:

Se fui eu...ou do mundo...a Esperança...

***

Uchoa, 19/11/2006

Enviado por MAVI em 21/11/2006

Código do texto: T297010

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