A HUMILDADE DO NATAL
A HUMILDADE DO NATAL*
Miguel Wanderley de Andrade
Caso os historiadores e astrônomos afirmem, com insistência, que nada ocorreu de extraordinário na terra e nos céus, naquela noite, em Belém, mesmo assim, eu nunca acreditarei. Os incrédulos sempre negarão que o nascimento de uma criança poderia alterar toda a natureza. Entretanto, creio que ventos diferentes sopraram sobre a Terra, trazendo notável felicidade e pureza ao mundo. Certo foi que uma mãe deu à luz o filho, numa manjedoura. Meditemos, então, sobre o presépio de Jesus e vamos encontrar nele, todas as medidas que conduzem os homens à humildade, a mais santa das virtudes.
Vejamos o primeiro argumento, que eu chamaria “a humildade do universo”: uma estrela fez-se submissa. Aquele astro, bem superior em tamanho e magnitude ao nosso planeta, poderia ficar soberbo no firmamento; no entanto, veio percorrer uma órbita que não era a sua, para indicar o nascimento do Messias. Depois, podemos relatar “a humildade espiritual”: seres que se encontravam no mais alto dos céus, desceram a um recanto obscuro da Judeia, a fim de cantarem glórias e tocarem trombetas para o filho de Deus.
O que podemos dizer sobre os genitores do Cristo? José sabia que não era o pai biológico do recém-nascido. Porém, resignou-se em aceitá-lo como parte de sua família. Que homem teria tanta prudência e respeito por um filho, com outro sangue, gerado pelo Espírito? A jovem Maria via concretizar-se o sim que dera ao Senhor. Ela que fora saudada pelo anjo como uma mulher cheia de graça, que encontrara mérito diante de Deus, não era para estar vaidosa? Mas não! Ela se comportou como a humilde serva.
Quais foram os convidados para estarem com o Salvador que havia nascido? Homens simples, da noite, guardadores de rebanhos. E o que dizer do local do nascimento? Por si, já indica o caráter peculiar da simplicidade: um estábulo, cuja cama que Lhe serviu de repouso foi cosida de erva seca, da sobra dos animais.
Sabemos que aquele menino não tinha a realeza dada pelos homens. No entanto, reis ausentes de vaidade, submeteram-se a empreender uma longa viagem, vindos do oriente para render-Lhe homenagem e presenteá-Lo em gesto de reverência, acreditando que ali estava o mais real de um Menino-Deus!
Façamos uma reflexão da humildade que leva à exaltação: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último...” Eu sinto que aquela noite, em Belém, foi única para a humanidade inteira. Tudo respirou submissão, modéstia, pobreza. E, se aquela criança fez-se última e esquecida, foi para mostrar que seria exaltada em sua glória.
*Publicado na Revista Natividade, do Santuário Eucarístico do Bom Jesus Aparecido de Sousa-PB. Ano 2015.