Sobre o Natal

Existe uma triste contradição entre o que as pessoas pregam e o que elas fazem.

Afirma-se que o Natal é amor e que o presente é a presença na verdadeira acepção da palavra “estar presente”. 

Entretanto, não é a isso que assisto. Nesta época, toda a vez que saio à rua, é uma multidão desenfreada, comprando, comprando, comprando... fazendo dívidas que, às vezes, não há com como pagar...

Literalmente cansei desta azáfama sem sentido. Este ano me rebelei. Há muito tempo tenho vontade de tomar esta decisão radical. Enquanto os outros correm, eu caminho devagar.  Não entro nas lojas abarrotadas de gente. Passo diante delas. Não porto nas mãos pacotes e mais pacotes... Levo-as vazias, balançado ritmadamente, ao lado do corpo... Feliz com a minha decisão... Não preciso pensar em dar o quê, para quem...

E sobrou tempo... Para me deliciar com a voz da Nana... para ver a florzinha vermelha que nasceu... para terminar de ler o livro há muito começado... para encontrar amigos e jogar conversa fora... para caminhar sem destino...

 
E os presentes? Este Natal me darei de presente, a minha presença, o meu abraço, o meu beijo, o meu sorriso, o meu afago... Esses serão os meus presentes. E assim terei a resposta a uma pergunta que sempre me faço: E se no Natal eu não der presentes?