Natal: Uma reflexão não tradicional para a tradicional festa cristã

**PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE (QUE NÃO EXISTEM)**

Aproximam-se as tradicionais festas de Natal e alguns crentes se perguntam se é válido celebrar-se essa data, tendo origens tão “suspeitas”.

Que as origens da data do Natal são pagãs não há a menor dúvida. As mais antigas representações de pinturas de Cristo (datadas de ca. de 240 AD), que foram descobertas sob o confessionário da Basílica de São Pedro, escavada durante 1953-57, são de um mosaico que retrata a Cristo como o deus-sol cavalgando a quadriga, carruagem do deus-sol. O nascer do sol também se tornou a orientação para oração e para as igrejas cristãs. O Dies Natalis Solis Invicti, aniversário do Sol Invencível, que os romanos celebravam em 25 de dezembro, foi adotado pelos cristãos para celebrar o nascimento de Cristo. Segundo o historiador Franz Cumont, em “Astrology and Religion Among the Romans”, 1960, p. 89: “Um costume bem generalizado exigia que em 25 de dezembro, o nascimento do ‘novo Sol’ fosse celebrado, quando, depois do solstício de inverno, os dias começam a ficar maiores e a estrela ‘invencível’ triunfa novamente sobre as trevas”.

Agora, a Bíblia não determina em parte alguma que os cristãos, a) celebrem o Natal; b) não celebrem o Natal. A atitude das Igrejas evangélicas tem sido a de aproveitar a data e toda a ênfase que se dá a respeito do evento do nascimento de Cristo para realizar programas alusivos a isso nas Igrejas. Não vejo nada errado nisso.

Aliás, os adventistas do sétimo dia têm uma atividade na chamada “semana santa” muito sábia. Aproveitam a ênfase sobre o evento da paixão e morte de Cristo para realizar a chamada “semana do Calvário”. Convites são feitos às pessoas para participarem dessa programação, e muitos católicos que muitas vezes se afastaram da religião, mas sentem um “peso de consciência” por não irem a uma programação alusiva à data, são inclinados a irem assistir a tais programas, que imaginam ter o mesmo caráter das programações tradicionais. Assim, muitas almas têm sido revitalizadas na sua fé e prática religiosas pelo uso inteligente desses feriados religiosos, adaptando-os a atividades evangelísticas.

Mas há outro detalhe interessante e teológico nesse debate sobre o Natal: Como é que a Bíblia diz que Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido, e Ele mesmo disse que os sãos não precisam de médicos, e sim os enfermos? Contudo é dito que Ele veio para trazer paz aos homens de “boa vontade”. Se esses já são de “boa vontade”, não precisam de Cristo. E os de “má vontade” não receberão essa “paz na Terra” então?!

Bem, eu disse no título deste tópico que não existem “homens de boa vontade”. Permitam-me explicar isso melhor:

A Biblia diz que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Assim, o homem natural não é de “boa vontade”, e sim um pecador condenado. Agora, Deus justificou “o ímpio” (Rom. 4:5), e não o “homem de boa vontade”. Essa não é a ênfase nos debates de Paulo quanto à justificação pela fé--a justificação de quem é “bom”--pois, disse Jesus, “só há um que é bom--Deus” (Mat. 19:17).

Então, temos que entender o texto em outros termos: Deus DE BOA VONTADE concede paz na Terra entre os homens.

A “boa vontade” é, pois, de Deus, um ato de graça Seu em salvar o que se havia perdido mediante o Messias nascido em Belém. Essa seria uma importantíssima reflexão para todos nesse período natalino.