Je$u$ e o primo do Papai Noel
Eu não gosto de natal. É completamente pessoal, mas não gosto. Não tem nada a ver com vidas passadas, traumas de infância,teorias relativas, mas crenças de igualdade e humanidade, ou melhor: de desigualdade e desumanidade. Sim, acho muito lindo a questão das luzes, da decoração, mas não gosto de natal. Também são lindas as músicas, os pratos deliciosos, mas não gosto de natal. As histórias, os filmes são bem tocantes, mas não gosto de natal. As apresentações, shows, encenações e coisas do gênero para a data são maravilhosos, mesmo assim... Você sabe.
Porque penso o seguinte: muitos comemoraram, fazem festas magistrais, porém, há também os que não podem com nada disso, os que tem de suportar o querer dos filhos, a fome sem nada fazer... É o natal dos necessitados, e embora hajam campanhas, solidariedade á tona, nada basta... Faço a minha parte, e prefiro não comemorar, do que comemorar e ter de ver sofrer quem não tem natal, o nosso natal capitalista, de comidas, quitutes, papai noel, e bem pouco de Jesus, mas muito de Je$us$.
Mas contando uma breve destas histórias de natal, em meu último ano no colegial, o diretor, o amigo Ronaldo Leal, em preparação para o natal, decorando a escola para a chegada da referida data, colocou num dos pátios um papai noel, de mais ou menos 1,50m. Era ele como todo Papai Noel que conhecemos: sua roupinha vermelha, touca, pele branquinha e bochechas rosas. Eu o vi, junto de alguns colegas, antes de ser colocado no tal pátio, na sala do diretor. Houve então aquele encantamento repentino pela imagem, e na seqüência um instante de suspense quando Ronaldo disse: - Olhe bem pra ele, agora olha pro Douglas... Eles são primos. Não são parecidos?
Gargalhada geral, inclusive minha, não havia porque de magoar-me, a mais empolgada a rir foi Franciane, que fez piadinhas e zoou muito das palavras de Ronaldo. Eu levei a brincadeira a frente, qualquer movimento silábico que havia em função do boneco, eu, ou alguém se manifestava.
Um pouco depois disso, na minha casa, começamos a falar dos conterrâneos, das pessoas. E história vai, história vem, falamos do Fernando, uma pessoa especial, mecânico, e que todos os anos faz um incrível trabalho como papai noel, distribuindo balas ás crianças nas ruas de minha cidade, isso tudo dentro das características: roupa, barba, e até o trenó. E sem nem eu citar a história que tinham inventado na escola, meu pai larga esta: “Ele é meu primo, o Fernando!”... Se ele era primo do meu pai, logo também era meu primo, mesmo que de segundo grau, mas era.
Então como lenda, conto de “fadas” que vira realidade, eu era mesmo primo do papai Noel, e não do boneco que adornava a escola, mas do “verdadeiro” de Tijucas. Que orgulho! E mais orgulho ainda, quem faz pelo bem, quem vê Jesus, e não Je$u$... Tendo estes fatores em comum então, até dá uma pontinha de ânimo para comemorar o natal, mas isso não quer dizer que eu gosto dele, eu não gosto do natal.
Douglas Tedesco – 12/2007