QUERIDO PAPAI NOEL

“Vous fetes le Noel.” Em francês, quer dizer: “Você faz o Natal”. Percebe-se aí que as palavras Natal e Noel equivalem, significando a mesma coisa – nascimento. Logo, Papai Noel nada mais é do que Papai Natal ou Papai Nascimento. Esta é a designação dada ao lendário São Nicolau, pois dizem que nas noites de Natal esse personagem saia a distribuir donativos. Por isto passou para a história conhecido por Papai Noel, onde a designação Papai é dada pelo fato de ele fazer donativos, pois o pai ou os pais (pai e mãe) é quem dá. Todavia, o pai (ou o pai e a mãe) também gera, faz nascer e provê. O atributo mais próprio de pai (ou pais) é dar origem. Já a designação Noel é dada pelo fato de a personagem São Nicolau fazer suas doações na data simbólica do nascimento de Cristo – a data natalícia mais importante da história, conhecida universalmente por Natal.

Percebe-se no apelido papai a intenção de torná-lo substantivo, significando pai (quem dá origem, gera e provê), enquanto o apelido Noel dá-se como adjetivo, tendo significado associativo (figurativo, comparativo), como um apodo, um sobrenome, um apelido simplesmente, mas que confere uma característica especial relacionada com o nascimento do Salvador, como se o Papai Noel desse origem ao Natal.

Os dois nomes juntos (Papai e Noel) dão a entender que esse a quem se chama Papai Noel é a origem, o mentor e a razão do acontecimento Natal, limitando a visão da pessoa na imagem do “bom velhinho” e no interesse egoísta dos indivíduos. De mais a mais, a palavra papai é a mesma que em italiano significa pai do pai, a origem do pai, que é maior que o pai. No caso, Deus é o pai dos pais. Ele é o único Papai.

Todavia, o “bom velhinho” não é a origem do Natal, tampouco do Presente, pois o nascimento de Cristo não se trata de um acontecimento ocasional, mas planejado com importância universal e sentido temporal eterno. É o maior acontecimento de todos os tempos em todo o Universo.

Se limitarmos o ser papai ao sentido de dar presentes, todo que dá no Natal é Papai Natal, ou Papai Noel. Todavia, que tipo de pai natal esses são, se não originaram o Presente de Natal, não O fizeram nascer e nem O proveram, tampouco planejaram o acontecimento de dar seu próprio Filho para salvar os filhos dos outros, dando ao acontecimento importância universal. Ao contrário, meramente distribuem alguns presentes, os quais são dispensáveis, além de que são dados em momento circunstancial.

E quem é mesmo o Papai Noel, quais as suas atribuições e que presente ele dá? Qual é mesmo o propósito do presente?

Como foi dito no texto O Melhor do Natal, todo nascimento é um natal e a cada ano todos comemoram muitos natais com suas famílias e amigos, além do seu próprio. Todos os dias em todo o mundo se comemoram incontáveis natais e muitos novos nascimentos acontecem e serão comemorados no futuro. Portanto, se na data que chamamos Natal se comemorasse um nascimento comum, essa data seria tão comemorativa quanto nosso aniversário é para nossos vizinhos, para as pessoas que moram no outro bairro e no resto da cidade, sendo que nem mesmo os familiares dão muito mais importância para as datas natalícias de seus parentes.

Mas o Natal que se comemora, quase que no mundo inteiro, não é um nascimento comum e muito distante está disso para ser ofuscado por uma figura humana tão voltada para o desejo individual de possuir e consumir. A verdade é que olhando além da imagem do Papai Noel se pode ver a Jesus Cristo – a Palavra de Deus tornada ser humano, encarnada, convertida num de nós para que pudéssemos conhecer o amor de Deus e Suas ações, que são traduzidas no Evangelho, o qual Jesus é a materialização. Olhando além da máscara do Papai Noel se pode ver a Deus agindo, o autêntico Papai Natal, que tem poder de gerar, de prover e manter, que fez nascer Seu Filho para dar-nos de presente a esperança e a prática da vida eterna. Olhando além das luzes do Papai Noel se pode ver a Deus querendo nos dar muito mais do que uma mera lembrancinha num laço de fita vermelha, símbolo de um amor fraquinho que cuida muito mais de si próprio. Ao contrário, Deus mostra-nos o vermelho do Seu próprio sangue derramado por causa de um amor impossível de ser contido, vertido para socorrer-nos de nossas ações auto-destrutivas. E esse socorro é extensivo e está à disposição de tantos quantos o aceitarem. Muito além do Papai Noel, se pode ver nosso Criador vendo-nos confusos afastando-nos dEle, perdendo Seu maravilhoso contato e os benefícios desse contato, mas Ele insistindo em procurar-nos para transmitir Seu carinho, Sua compreensão, Seu perdão, oportunidade, colo e solução para nossos problemas, para nossa insegurança, para nosso medo do futuro.

Na verdade, devemos ser papais natal, mas somente o seremos através de nossas atitudes, nas ações e palavras percebidas na vida diária, sendo Cristo para as pessoas, fazendo que Ele nasça em suas vidas ao ser percebido em nós, quando transmitimos esperança, prestamos socorro, abrigamos, agasalhamos, matamos a fome, curamos feridas, secamos lágrimas, amainamos a dor. Restituindo o amor pela vida, dando aos desesperados vislumbrar um horizonte além da morte ao fim de sua vida de sofrer intenso, pregamos o verdadeiro Evangelho, que é Jesus Cristo – a ação de Deus.

Quando fazemos isto, fazemos que os outros confiem em Deus, seu medo desaparece e percebem e desfrutam dos benefícios dessa aproximação, pois se deixam tocar por Ele sem receio, confiantes no perdão, na nova oportunidade. Todavia, somente Deus é o Papai Natal e se queremos ser papais natal, somente o seremos ligados a Ele, imitando-O, dando em vez de esperar e cobrar o receber, pois somente Ele fez com que tudo nascesse no Universo sem pedir nada a ninguém, mas dando a todos tudo, inclusive o perdão e nos fazendo renascer. Podemos ser agentes do renascimento que Ele está a operar, então seremos papais natal.

Quando desencadeamos a morte eterna (o auto-extermínio), Deus nos fez renascer com o nascimento humano, morte e ressurreição de Seu Filho, que se converteu em ser humano para morrer em nosso lugar, sofrendo a punição por nossos pecados.

Portanto, se queremos ser papais natal, o presente deve ser Cristo, Sua maneira de tratar as pessoas, pois Ele e essa Sua maneira foram dados a todos por Deus, que inventou o Natal – o nascimento do Salvador. Ele deu-nos esse Presente indestrutível e incorruptível, que tem propósito e poder para equilibrar as coisas, jamais privilegiando uns e deixando outros de fora. Ele pode e quer restaurar a vida, conferindo-lhe satisfação e prazer, dando-lhe continuidade eterna. Isto não se pode conseguir seguindo o Papai Noel do mundo, que aparece numa data inventada para dar um presente circunstancial e interesseiro, que somente serve para enriquecer os avarentos, sendo que todos esses presentes logo se quebram e tornam-se sem utilidade e sem emoção.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 10/12/2007
Reeditado em 10/12/2007
Código do texto: T771976