SOB O HOLOFOTE DO GUIZO DO NATAL

Nessa época Natalina sinto uma profunda mudança energética "nos ares".

Coisa minha, que me acontece desde criança.

Eu poderia fechar meus olhos, não ver sequer uma luzinha Natalina, ou uma arvorezinha enfeitada para a grande data, mesmo assim eu saberia reconhecer só respirando: Dezembro chegou.

Percebo que o Natal, comemoração que tem um marco teológico Cristão, curiosamente movimenta a sociedade também na esfera Cultural, sendo não raro as manifestações concomitantes e de outros credos, quase algo "cultural-ecumênico" que ocorre juntamente aos Cristãos.

É uma data contagiante em alegria.

Penso que nós Seres Humanos, na sua grande maioria, temos conosco uma tendência inata de transcendermos a nossa existência, a nos transfigurar dessa dura realidade de mundo "cármico" através do exercício da Fé; a acreditar que temos um comando superior sobre a nossa existência terrena tão frágil.

Vejo que somos muito pequenos e indefesos para a nossa "autossustentação".

Todavia, tal é apenas um meu modo de ver o mundo, sobre o que enxergo e sobre o que não enxergo, e claro, nessa época, percebo uma certa comunicação sobrenatural a rondar a Terra e me sensibilizar profundamente.

Também acredito que tal se deva ao fato de que vivemos tempos muito agitados, tempos difíceis, escuros, subtraídos do tudo que agrega valor essencial à vida Humana, enfim, cenário que se configura como um verdadeiro desafio de resiliência espiritualista.

Lembro dum verso de Pessoa que configura esse meu sentimento: "quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor...".

Eis a navegação pelo atual mundo... pelo mar de grandes aprendizados.

E foi assim, pensando em escrever algo temático sobre esses tempos de "guizos" que me tocam por dentro , que dias desses me deparei com um fenômeno da Física , muito curioso, dentro da minha sala de jantar.

Tinha chovido muito e ao chegar em casa o dia estava bem mais escuro do que o comum para as seis horas da tarde.

Eu estava pronta para acionar o interruptor de energia elétrica quando o ambiente subita e fortemente se iluminou, como se um holofote entrasse por uma luneta a focar um ponto em especial.

Quando olhei para o todo, em meio à escuridão da sala, vi que a luz que ali adentrava iluminava apenas um canto em especial, a focar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que ganhei duma pessoa querida, que na cidade que leva o nome da Santa lá esteve para agradecer pela cura dum quadro depressivo.

Fui até a janela da sala e pude ver que, depois da chuva que escurecera a tarde, o sol que já se ia resolveu emergir um de seus últimos raios dentre as frestas dos edifícios do entorno, a bater um " flash" no vidro do prédio da frente que prontamente refletiu seu ponto de luz bem direcionado, sobre a imagem da minha Santa, em cuja parede ao fundo há uma santa Ceia.

A despeito da explicação física para o fato, senti que ali havia um forte simbolismo da época.

Um fenômeno luminoso tão " focado e milimetrado" não é todo dia que se vê,,

Lembrei das três Crianças da História de Fátima e me convenci que naquele fenômeno havia um recado.

Então , resolvi escrever sobre.

Sim, nesse tempos tão desafiadores, tal como crianças que também todos somos, talvez ali se configurasse um pedido ecumênico, para que acendamos as nossas luzes da Fé a esperar ansiosamente pelo Guizo do Natal, aquele que sempre nos toca quando a Esperança se ilumina.

É o que nos norteia a Essência do nascimento de Cristo: uma vida plena de luz.

Assim, tudo fica mais leve e uno, ainda que os tempos insistam nas grandes e incertas turbulências.

Afinal, a felicidade Planetária só existirá quando as nossas luzes se espraiarem pelos ares, a adentrar o coração de cada um de nós.

Como num luminoso mosaico de Natal.

Um excelente 2023 para todos.