UM DIA DE NATAL
O primeiro Natal de que me lembro foi há vários anos, deveria ter eu uns quatro anos ou um tiquinho mais, menos que cinco, certamente.
A casa era pequena e básica. Pintada na cor branca, pelo lado de fora, com as paredes da cozinha num tom amarelo velho. Uma mesa de quatro lugares fazia parte da entrada, um filtro de barro se acomodava num canto, em cima de um pedra entalhada na parede. Uma antiga cristaleira que servia de armário de mantimentos e copos. Duas cadeiras de cor vinho e um preta compunham o ambiente da cozinha, poucos móveis havia ali.
Recordo, vagamente, que eu estava usando um vestido branco com bordados, com um sapatinho combinando. Como qualquer criança queria brincar e minha mãe falando para eu não sujar o vestido.
Em frente á casa havia um pé de mamão, umas flores murchas pelo calor que fazia, assim como também murchas estavam as hortaliças que meu pai cultivava para vender; ao lado da casa, uma escada de madeira ficava escorada na parede, junto a um velha cadeira de balanço, que pouco usamos.
Meu irmão era de colo. Bebê ou um menino preguiçoso, daqueles que pedem colo, e quando não atendido, cai no choro. A cena era de um dia quente de verão. Estávamos no quintal, eu , meu pai, a madrinha de meu irmão e uma das filhas dela. Minha mãe cozinhava alguma coisa, eu não me lembro, o que foi servido de almoço, pois não me recordo de muita coisa. Os adultos conversavam e volta e meia minha mãe ia até o fogão para mexer nas panelas, ela gostava de cozinhar.
O dia estava quente! Não havia som ou músicas festivas. O que movia aquelas pessoas era somente as conversas e refrescos na sombra do quintal. As horas passavam vagarosas.
Lembro pouco, apenas fragmentos de um dia de Natal.
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