Dizer a alguem te amo
“Dizer a alguém eu te amo é dizer-lhe: tu não morrerás”.
Foi mais ou menos por esta época que eu disse a jovem Conceição, que à época tinha 19 anos, EU TE AMO. TOPAS CASAR?
Os projetos que povoavam – ainda povoam – meu coração juvenil nasceram da realidade vivida na cidade onde nasci – Irituia-Pará –que permanece a mesma depois de mais 70 anos.
Na infância nadei, remei, pesquei no rio Irituia, empurrei carrossel, andei atrás do palhaço para ganhar ingresso no circo, peguei sarampo, catapora – não tive papeira – fui ator, joguei no time do Colégio Nossa Senhora da Piedade, cujo prédio está em ruinas; servi como coroinha, na Igreja Matriz que ajudei a construir, morei com as Irmãs, fui mandado para o seminário Barnabita, em Bragança, entrei pro noviciado, optei pelo clero secular, mas, a mão Divina dispôs que eu deveria seguir o caminho de Tobit. Para me acompanhar indicou dois “Arcanjos Rafael” – Padres Marini e Cariati – que me acompanharam na jornada à casa da futura esposa e nos primeiros passos da vida matrimonial.
Testemunho este episodio por entender a necessidade de semear boa semente no campo da vida neste momento de tantas incertezas, indicações inebriantes, desavenças e recrudescimento da intolerância acentuada na discriminação racial – racismo institucional e outros ismos.
O EU TE AMO. TOPAS CASAR? que brotou naquele momento esteve contido nas profundezas de meu coração juvenil e se avoluma a cada suspiro a partir da resposta direta, firme, intrépida – TOPO, que de tão rápida e firme não me deixou a esperar. (Estou certo que ela esperava).
O banquinho onde sentávamos – restam apenas e tão somente doces lembranças – foi o trampolim para o maior salto da vida de 02 jovens enamorados que se tornaram imortais pois, como ensina o filosofo francês – 1889/1973, Gabriel Marcel, “Dizer a alguém eu te amo é dizer-lhe: tu não morrerás”.
Que assim seja o advento de todos os que este texto lerem!