É NATAL.
O véu foi rasgado, de alto a baixo. Os sacerdotes estavam perplexos com o acontecido, terremoto, e depois o véu. No fundo de seus corações eles sabiam exatamente do que se tratava, mas, eles precisavam manter o véu da ignorância intacto nos olhos da multidão. De modo que a massa não percebesse o extraordinário que acabara de acontecer. Assim foi por muitos anos, a elite política dominante enganando, a massa dominada deixando-se enganar. Não havia mais a necessidade de um intermediação com a divindade, não havia necessidade de sacrifícios de animais e nem rituais. Contudo, existia, já naquele tempo, homens cheios de vaidades e com amor ao materialismo e ao comércio, a política do lucro fundamentada na ignorância do povo, o véu estava rasgado, mas, era necessário manter a idéia de sua integridade intacta.
Agora pergunto: 'É diferente nos dias de hoje'.
Então é natal… Data essa escolhida e denominada como a do nascimento do filho de Deus. Portanto, o aniversariante que deveria ser ovacionado deveria ser Jesus - embora, a data em si, em outros tempos festejava-se ao deus sol - O que fizeram no decurso dos anos foram cobrir a nudez de uma festa pagã com as vestes das doutrinas cristãs. Entretanto, para mim, a data em si e o que ele verdadeiramente significava não importa, Jesus sempre será maior do que tudo em qualquer data que já passou e em todas que ainda estão por vir. Foi bom dá-lo a honra de uma festa que antes era pagã.
Então é natal…
Somos, na verdade, partes desse produto de consumo dos governos. Compramos, vendemos, bebemos, festejamos, somos a engrenagem que dá movimento a economia de Dezembro. A vida humana gira ao redor de adquirir e consumir, construir, e quando podemos, aumentamos o nosso 'poder', de sermos destaques entre os nossos. Considero esse ato parte da nossa vida social moderna capitalista, mas, já houve momentos, em como sempre haverá em que estagnamos no quesito ascensão social capitalista. Patinamos no mesmo lugar, por vezes indo para trás. Isso também é parte importa do processo de nosso aprendizado e crescimento pessoal.
Mas, o que tem um assunto haver com o outro? Pode parecer que nada, porém, tem tudo haver. O véu do materialismo e da grandeza foi rasgado de alto a baixo, somos convidados à uma novidade de vida em harmonia com nós mesmos e o nosso semelhante. Vejo contudo, existir uma resistência por parte de alguns em querer iludir a sociedade fazendo-a crer que o véu do consumismo exagerado e do egoísmo de vida ainda existe, que, nada mais importa do que ter para si próprio, poder, dinheiro… Esquecendo de estender a mão fraterna ao próximo. Revelando uma sabedoria egoísta e venenosa.
Então é natal…
Lembro-me da oração de São Francisco, belíssima, a letra é de uma profundidade, fala por si, considero essa oração uma mensagem perfeita para esse natal… Se fôssemos mais como Francisco, o natal seria muito diferente.
Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado
Compreender do que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois, é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado;
É morrendo que se vive
Para a vida eterna.
Desejo a todos um belíssimo natal, em que não haja mais o véu do egoísmo cobrindo o nosso entendimento. O véu foi rasgado, somos convidados à uma novidade de vida cheia de amor e compaixão.