É Na...tal!
Ontem, caos total. As ruas apinhadas, sacolas, pessoas, carros e a chuva resolveu descer pesada, mesmo que por pouco tempo. Pessoas circulando com pressa, cansadas, ninguém quase se olhava. O foco eram as compras de Natal. Natal, nascimento, Jesus e um Pai Noel que veio para a criançada e acabou ficando no meio dos adultos. Junto com ele, renas, pinheiros, neve, veludo vermelho e meias numa lareira e a gente correndo atrás de algo que não tem nada a ver com a nossa vida, nem em clima, nem na fachada.
Que se tenha tradições, nada contra, pelo contrário, uma pitada delas até faz falta, mas não dá pra simplificar? tirar o que não nos pertence? Pra começar, há uma realidade paralela sem provas. Nascimento de Jesus, data discutível, reis magos e estrela cadente, discutível, ouro, incenso e mirra, está bem, é até possível, mas uma mãe virgem é que não precisava. Não há pecado na concepção de um filho, nem na sua amamentação, só para acrescentar. E, como se não bastasse, uma história contada e recontada, reinterpretada e traduzida, passada de mão em mão, boca em boca, através de milênios, como num telefone sem fio, sem provas, dá o que pensar, para os que assim o fazem e a seguem como literal e absoluta verdade. Aí, de carona, qualquer fantasia pode vir junto: as renas voadoras, um velhinho barbudo à la imagem do Deus simbólico, vestido de vermelho pela Coca-Cola e que atravessa o mundo e cai para dentro de todas as chaminés (quem não tem, é só apresentar o extrato do banco que recebe mesmo assim de algum jeito) e acende o fogo do comércio. Presentes, compras, árvores, enfeites, luzes, comida e bebida, bebida e bebida, carne e mais carne e os bichinhos da arca de Noé, parente próximo de Noel, ali, todos expostos na mesa para a gente comer cercados por um clima de quase quarenta graus.
Enquanto isso, nas calçadas, crianças dormindo ao relento… e o incontestável amor cristão não tão tradicional quanto deveria se perde com o tempo gasto nas compras sob o olhar de suado de um velhinho vestido pela Coca-Cola.
Bah… esse mundo é uma ficção, então…