Depoimento natalino
Depoimento natalino
-véspera natalina
Por mais que seja clichê todas aquelas festividades ao fim do ano, sempre era a melhor noite do ano. Tudo era maravilhoso, pelo menos sempre era. Notei que o bem físico mais admirado por toda a família era aquela linda árvore de natal iluminada por várias cores piscantes que o olhar observa.
O ano havia passado para a família de Ana, e tudo o que Ana esperava era ao menos terminar o ano feliz. Talvez para dizer que fez algo Ana organizou o lindo pisca-pisca da família.
Chegando na véspera de natal Ana acendeu o pisca-pisca e partiu para seu quarto. Coitada Ana sempre foi doce e sempre manteve muitos de seus sentimentos ocultos, mas ninguém notou o quanto ela era estrangeira em tudo. Ana estava sempre ao lado de sua família e de seus amigos, era até conhecida como amiga das populares. Ana participava de tudo e era a experiente em tudo que fazia. Às vezes se destacava e se entragava à certas coisas em meio à seus grupos.
Já era então natal e Ana não se enturmava em sua própria casa. Havia inúmeras pessoas festejando, sorrindo e contando causos por toda sua casa. Seu pai estava bêbado, passou ao seu lado e nem sequer direcionou seu olhar à sua filha devido à sua tontura. Ana por sua cara talvez tenha pensado que seria tudo uma maravilha mas não foi.
Sua mãe sempre se lembrava dela. Ana caminhou até a cozinha da mãe, talvez tentando salvar seu natal com o amor de sua mãe. Ana pareceu ficar sem jeito de demonstrar que precisava de um abraço. Voltou então para sala pois havia encontrado sua mãe toda atarefada preparando comes e bebes para todos da festa, sua mãe mal a notou.
Com as mãos no bolso Ana caminhou até a sala e sentou-se no sofá. Derrepente seu tio chega e elogia toda a festa e lhe fala que essa dedicação de sua família sempre é linda, comentou também sobre os esforços de cada um em seu afazer para que tudo resultasse nessa noite. Pra finalizar seu tio falou que sente muito orgulho dela e de todos, que isso tudo era como uma luz familiar admirável aos olhos de todo mundo. Mas Ana não aparentava muita animação com os elogios, deu o parecer que os elogios não cabiam à ela. Ana caminhou até a árvore de natal na qual notei o lindo pisca-pisca. Suas luzes eram incríveis, talvez naquela noite aquilo tenha sido a coisa mais verdadeira que Ana tinha contemplado, o esforço de cada lâmpada piscando pra tornar a noite mais colorida. E eu por ser um bom observador pude notar o quanto aquelas luzes faziam sentido para sua vida. Ana observava como uma sentinela uma das luzes de seu pisca-pisca. Me veio ao pensar se ela também à comparou com essa lâmpada, pois coube ao meu pensar vê-la em uma certa lâmpada. Ana deu à notar que era então pra si aquela lâmpada de luz azul que mal se acendia e que se encontrava afastada de todas na parte mais baixa. Como Ana a luz da lâmpada azul era a mais bela, mas hoje a luz se encontrava apagada. Notei o quanto as diversas lâmpadas se esforçavam para mostrar suas melhores luz. Como a família de Ana as lâmpadas eram lindas aos olhos de todos, mas cada um de sua família se esqueceram da luz talvez mais bela da família.
Essa luz de cor azul claro talvez tenha parado de piscar com o passar do ano, já que não à viam em seu lugar da árvore. Talvez tenha notado que as luzes numa data dessas deveriam se sincronizarem para que umas percebessem o talento de cada uma entre elas, mas também para poder sentir a falta de uma luz tão bonita que foi se afastando que hoje em dia não consegue se acender novamente...
- Foi tudo que eu presenciei e notei.
- Tem certeza que não sabe mais de nada Artur? Então você não era íntimo de Ana Castro?
- Eu nunca havia tido contato com ela, a festa acabou e parti à caminho de minha residência. A nossa relação era de primos distantes. Mas por que ninguém me fala o que aconteceu depois de minha partida? Me diga policial, o que aconteceu?
- Estamos tentando descobrir, ninguém tem certeza de nada ainda! Tudo o que posso dizer é que seus pais encontraram seu corpo no sótão ao lado de um papel no qual estava escrito a seguinte frase:
"A lâmpada apagada fugirá para a escuridão... "