UM CONTO DE NATAL

Ontem minha esposa me falou que hoje iria a uma agencia dos correios para pegar uma cartinha de natal – aquela que as crianças mandam para o tal do Noel. De imediato lembrei-me de uma história ocorrida em mil novecentos e qualquer coisa numa pequena cidade que agora também não me lembro do nome.

Pois bem. O Sr. Cláudio, morador daquela pequena cidade, pai de 5 filhos viu aproximar o natal e diferente dos demais, amargava o desemprego há alguns meses. Ele que sempre teve uma mesa farta, dava brinquedos para as crianças sofria por saber que seu natal seria terrivelmente triste: sem ceia, sem brinquedos. No último recurso que lhe coube, apelou então para o papai noel via correios. Escreveu:

Bom dia papai noel. Eu sou o Cláudio, pai de cinco filhos, morador desta cidade deste menino. Sempre tive uma vida maravilhosa e na minha mesa nunca faltou o pão, nem a roupa nem uma mesa farta no natal. Porém, desta vez, DEUS achou graça me provar e pela primeira vez o meu natal será uma tristeza só. Estou desempregado há 4 meses e pelo andar da carruagem não teremos sequer uma mortadela para o almoço. É envergonhado que venho a ti pedir uma ajuda. Peço-lhe pelo amor de DEUS que me dê 200 reais para que eu possa dar um natal digno para os meus filhos e minha esposa, com uma boa ceia e umas lembrancinhas. Muito obrigado e que DEUS o abençoe. Assinado Cláudio Francisco de Souza.

Os funcionários dos correios leram a carta e se comoveram com a estória do Cláudio. Resolveram então fazer uma vaquinha, mas como as coisas não estavam boas pra ninguém, conseguiram apenas 150 reais e enviaram para o pobre homem. Missão cumprida, corações aliviados, uma boa ação executada. O tempo passou. E passou rápido. Chegou dezembro de novo. Para surpresa dos funcionários dos correios, entre as cartas recebidas endereçadas ao papai noel, uma era do Cláudio Francisco de Souza. Ficaram curiosos e tomaram uma decisão: iriam ler a carta juntos. E assim, no final do expediente o fizeram. Dizia a missiva: Bom dia papai noel. Aqui é o Cláudio Francisco de Souza que há um ano lhe escreveu pedindo uma ajuda para que eu pudesse dar um natal digno para a minha família. Agradeço-te do fundo do meu coração por ter atendido o meu pedido. Tivemos um natal maravilhoso graças a sua bondade. Arrumei um emprego, trabalhei por 9 meses e me encontro desempregado novamente. Assim. Venho humildemente lhe pedir mais uma vez uma ajuda para que eu possa fazer a ceia para a minha família. Desta vez, porém, vou fazer diferente: estou enviando um número de conta para que o senhor possa efetuar um depósito ou transferência, pois a cambada de filhas da puta dos correios me roubaram 50 reais.

Grato Cláudio Francisco de Souza.