E O NATAL SE TORNA FELIZ

João Batista da Silva, chega em casa, por volta das oito horas da noite, cansado, suado e desanimado pelos poucos trocados que consegui arrecadar naquele dia, véspera de Natal, ainda se consolava com um bolo de fubá que o dono da padaria lhe deu quando passava por lá empurrando seu carro de objetos reciclados que recolhia pela cidade e de onde tirava seu mirrado sustento com os quais sustentava mulher e um filho de seis anos.

O filho percebendo que o pai tinha chegado, veio correndo abraça-lo e feliz em vê-lo em casa.

-Pai o Joãozinho, me falou que amanha é dia de Natal!

-Pai o que é Natal?

-Meu filho Natal é o dia em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo, aqui na terra.

- Mas o Joãozinho disse que era o dia que a gente ganha um monte de presentes do Papai Noel, um velhinho bonzinho de cabeça branca e veste de vermelho?

-É verdade, como não temos Jesus aqui na terra para receber os presentes, o Papai Noel da o presente para um filho ou amigo.

É verdade, até o Joãozinho já pediu o presente dele.

E o que ele pediu? – Pediu um trenzinho eu também vou pedir um para gente brincar juntos.

O senhor acha que ele vai atender meu pedido? – Não sei reze e faça o pedido, quem sabe ele atende seu pedido.

O pai tão cansado por um dia de caminhada pela cidade, sob sol quente, fica olhando para o teto da casa onde se via a entrada da luz do poste enfrente pelos buracos que as ultimas chuvas tinham feito e não tinha tido tempo de conserta-los, passou ali um tempo pensando nas palavras inocentes do seu filho. Quando sentiu sua falta foi até o quarto para ver o que ele estava fazendo. Seus olhos encheram de lagrimas quando viu o menino ajoelhado enfrente o berço com os braços levantados e rezando e ainda ouvi suas palavras: Papai Noel por favor o que eu mais quero é um trenzinho. Eu sei que o senhor deve ter um monte aí e vai trazer um para o Joãozinho, traga um para mim também? Obrigado, Papai Noel.

João Batista voltou para sala sem fazer barulho e o filho não o visse.

Sentou na velha poltrona e ali chorou demoradamente, se sentindo impotente diante daquela situação. Nisso a porta se abre e a mulher entra, e vendo-o com os olhos vermelhos, pergunta.

-O que aconteceu? Cadê o Paulinho?

-Ele esta lá no quarto.

-Fazendo o que?

- O pai conta tudo o que aconteceu, nessas alturas ele também entra em pranto.

- Como vamos fazer?

-É o que estou pensando, acho que vou dar uma chegada la no deposito de reciclados e ver se acho alguma coisa que de para fazer o que ele quer ganhar.

- Nossa mais fica no outro bairro e você já está tão cansado!

- Não faz mal, vou agora antes que fique tarde.

- Tome cuidado na rua e veja se não demora muito.

- Já era umas onze horas quando regressou com uma sacola cheia de objetos usados.

Sua mulher e o menino já estavam dormindo.

Ele pegou umas ferramentas e começou seu trabalho, esqueceu até que estava morrendo de fome, mas o desejo de não frustrar o filho, nem ligou pelo que sentia.

Já começava a amanhecer quando dava os últimos retoques na maquina e nos vagões. Quando ficou de pé e deu uns passos para traz, não acreditou que ele tinha feito um brinquedo tão perfeito e bonito.

- Isto é obra de Jesus, pois nunca fiz nada de artesanato e ficou muito bom.

Seis horas como de costume sua mulher levantou para passar um café, ela se espantou com o marido já de pé.

- Você acordou cedo!

- Não eu não acordei, na verdade eu não dormi.

- Mas por que a gente convence o Paulinho que não foi possível este ano, mas o ano que vem...

- Quando ele pôs encima da mesa um saco plástico e desenrolou, ela arregalou os olhos e deu um grito: Jesus onde você achou esta belezura?

- Eu quem fiz a noite inteira.

- Não é possível que foi você, você nunca teve jeito para artesanato? Nos até tentamos na cooperativa dos reciclados?

- Não fui eu quem fez... Foi Jesus que pegou em minhas mãos e fez por mim. Novamente o casal se pôs a chorar abraçados olhando o brinquedo.

- a hora que ele acordar vai ficar maravilhado. Será o primeiro e mais lindo presente de Natal que ele ira ganhar nesta vida. E beijou o marido agradecendo sua bondade.

Uma historia de ficção, mas que poderia ser real em qualquer parte do mundo.

Phósforus
Enviado por Phósforus em 22/12/2013
Código do texto: T4622214
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