UM SONHO
PARA PRESENTEAR OS MEUS NETOS








 
Nesta época, no que se refere a escolher presentes para meus netos fico um tanto mais atrapalhada do que já sou... Entro na loja de brinquedos e me perco dos olhos... diante das múltiplas possibilidades. Decido ir para as prateleiras dos ‘meninos’. Melhor ir por partes, penso! Nem bem acabo de pensar... dou de cara com Jack, o estripador. Bom... se não era ele, era um sósia, não tenho a menor dúvida. Como comprar um monstrinho de plástico para brincar com o meu neto? É outro tempo, o grilo fala em meus ouvidos e eu respondo: não quero os brinquedos desse tempo! Dou meia volta e passo para o lado das meninas. Aqui, certamente vou encontrar uma boneca fofa com cara de boneca! Mas só vejo bonecas louras com lipoescultura recente, silicone e botox! Não vou incentivar minhas netinhas gêmeas, lindinhas a entrarem nesse mundo mágico de ilusão. Olhei ainda ao redor para ver se em algum canto existiam olhos redondinhos, ingênuos semelhantes aos que tinham as minhas bonecas. Acredito que o tempo em que permaneci na loja estava tal qual um peru na véspera de natal... E para que não fosse apanhada de surpresa tratei de pular fora. Andei ainda um bocado, antes de encontrar o que procurava, confesso. Na realidade, acho que queria mesmo é voltar no tempo. E voltei de um jeito saudável. Encontrei um jogo de amarelinha que não acabava no céu... Na realidade, acabava na selva depois de pular os bichos que tinham se instalado em cada um dos quadrados. Não importa, era um jogo de amarelinha adaptado para os dias de hoje. Não dá para segurar a criatividade. Ela avança numa velocidade incrível. A vantagem dessa amarelinha é que já nasce pronta. Nada de giz no chão! Pode ser levada para qualquer lugar e não tem sexo. Meninas e meninos compartilham da brincadeira numa boa! Um já estava resolvido... Continuei a minha caminhada tateando com os meus olhos esse novo universo. E eis que tropeço num jogo de mini Croquê e aí sim, viajo verdadeiramente... O gramado era fantástico e eu, mais duas amigas nos divertíamos loucamente num jogo de croquê. Tratava-se de uma fazenda nas redondezas de Taubaté, uma linda fazenda, um tapete de grama e um jardim absolutamente adorável. O jardim era povoado por camélias brancas e eu era apaixonada por elas. Essa história de não poder tocá-las para que não escurecessem era mágico e eu respeitava. Quando desadormeci já estava com os pacotes embrulhados e feliz por ter encontrado coisas um pouco fora desse tempo maluco. Restava ainda correr atrás do sonho do neto mais novo. Em setembro fizemos uma viagem com uma parte da família e ele estava no ‘pacote’. Percorremos aproximadamente quatro mil quilômetros em 27 dias e sem mentira, por onde passávamos tinha um trator amarelo trabalhando. Ele, com um entusiasmo ímpar apontava com o dedinho de menino de três anos e dizia: olhaaíó! A Europa estava em obras... foi a nossa conclusão! E eu pensando, pensando e ainda pesquisando onde poderia encontrar algo que se aproximasse desse cenário, eis que no derradeiro suspiro da minha busca pelo desconhecido encontro uma frota de trator de tudo quanto é jeito, mas de uma só cor – amarelo. A vitrine sorriu para mim e me desejou Feliz Natal! 
 
 
 



 
 
heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 24/12/2011
Reeditado em 26/12/2011
Código do texto: T3404105
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