HOJE EU ENTENDO O NATAL!
Desde pequena eu era contra o Natal. Sempre achei que era a festa da hipocrisia. Um desfile de modas, uma guerrilha de poder econômico, um chorar sem fim daqueles que faltavam à mesa, sendo que quando estavam presentes, nunca foram notados.
Não se falava do aniversariante! Não se falava do momento do amor maior que sentíamos pela vida, pelo próximo.
Que sentido havia naquilo tudo? Porque o ano inteiro a comida era simples, repartida, reaproveitava-se as sobras em outros pratos, e no Natal havia não somente a fartura, mas o desperdício dela?
Não havia ninguém para me dar respostas, muito pelo contrário, me ignoravam. Era apenas uma criança querendo aparecer!
E a revolta com a data foi se tornando uma constante. E quando comentava com minha mãe que iria viajar, ouvia a mesma ladainha que de poderia ser nosso ultimo natal juntas. Essa chantagem emocional me deixava ainda com mais raiva da data.
Os anos foram passando, a tradição do Papai Noel falando mais alto no coração de agora Mãe que sou... Mesmo assim, sentia a data como uma obrigação, algo que não me deixava feliz! Era apenas mais um compromisso social.
Hoje, eu e meu marido estamos órfãos. Até os tios se foram, não há mais ninguém à mesa. E o filho é livre para passar a data com quem ele escolher, sem a chantagem que a vida toda foi a minha diferença.
Meu Natal tem a mesa vazia de pessoas vazias, mas tem a paz e a felicidade de comemorar a vida e o aniversariante. Posso, ao invés de gastar pequenas fortunas em lembrancinhas geralmente inúteis e comilanças desnecessárias, ajudar a trazer um pouco de felicidade às crianças carentes.
Sinto falta sim, de minha mãe, de sua chantagem que hoje me trazem varias lembranças boas também, porque não? Mas ninguém me impede de fazer a oração e cantar vivas ao aniversariante!
E aqueles que ficaram e que ainda fazem parte da minha vida, me compreendem e respeitam o abraço que lhes dou com amor, a mensagem de carinho e esperança... Não somente a lembrancinha fútil trocada à meia noite.
Porque hoje o Natal é meu! Sou dona de seu comando, de como o vejo, de como gosto de vivê-lo!
Hoje eu entendo a Natal! Porque hoje eu o faço com a voz do meu coração!
Santo André, 23.12.2011 – 22h