Crônica de Uma Noite de Natal
Todos os anos, o ritual da celebração da noite de Natal começa nos primeiros dias de dezembro, quando a minha mulher, após a armação da árvore de Natal, me exibe a extensa lista dos convidados obrigatórios (filhos, filhas, netos e netas) e facultativos (genros, noras, cunhados e cunhadas), e seus respectivos presentes, lista que vai pulverizar todo o meu 13º Salário.
A partir daí, ela inicia uma maratona que dura várias dias: procurar o presente certo para cada nome da lista, com base na regra já consagrada por vários anos: que ele não seja tão caro que comprometa a cota dos outros, mas que não seja tão barato que o banalize. Resolvida a questão dos presentes, sobrevêm outras questões não menos pertinentes, como, por exemplo, mudanças nos cenários ambientais e pessoais: dar nova mão de pintura no apartamento, roupas novas para nós três - eu, minha mulher e a nossa filhinha.
E, enfim, chega a véspera de Natal. Minha mulher acorda cedo - mas, na véspera, já trabalhou até altas horas da noite - e se enfurna na cozinha a preparar os quitutes, os doces, etc. Depois, vai arrumar a sala, no que conta com a minha incondicional ajuda, mas somente nas raras vezes que consegue me arrancar da frente do computador.
E, enfim, chega a noite, o momento de restituir à família a emoção do todos-juntos-de-novo-ainda-que-seja-apenas-por-uma-noite, que para mim é a mais doce tradição do Natal em família, hoje tão aviltado pelos apelos da sociedade consumista. A árvore ilumina-se toda, veste-se de presentes e os convidados vão chegando, também com os seus presentes na mão. O território é invadido por sons, vozes, sorrisos, danças e requebros, cervejas e refrigerantes até o raiar da madrugada. Quando dá a meia-noite, na hora do "Feliz Natal", no meio dos beijos e abraços, vou repetindo para mim mesmo, enquanto um nó na garganta vai umedecendo os meus olhos de emoção: "Essa é a minha família, essa é a minha família...."
Quando se vai o último retardatário, contemplamos desolados a pilha de pratos e utensílios de cozinha para lavar, móveis e objetos para recolocar em seus devidos lugares, e haja vassoura para varrer do chão os vestígios dos saltitantes visitantes. Mas, fala a satisfação iluminada dos meus olhos o que a minha mulher já sabe de cor: que tudo valeu a pena e que, no próximo ano, só basta que eu ainda esteja vivo para o que o ritual se renove. E vamos dormir cansados e felizes.
Papai Noel existe.
Todos os anos, o ritual da celebração da noite de Natal começa nos primeiros dias de dezembro, quando a minha mulher, após a armação da árvore de Natal, me exibe a extensa lista dos convidados obrigatórios (filhos, filhas, netos e netas) e facultativos (genros, noras, cunhados e cunhadas), e seus respectivos presentes, lista que vai pulverizar todo o meu 13º Salário.
A partir daí, ela inicia uma maratona que dura várias dias: procurar o presente certo para cada nome da lista, com base na regra já consagrada por vários anos: que ele não seja tão caro que comprometa a cota dos outros, mas que não seja tão barato que o banalize. Resolvida a questão dos presentes, sobrevêm outras questões não menos pertinentes, como, por exemplo, mudanças nos cenários ambientais e pessoais: dar nova mão de pintura no apartamento, roupas novas para nós três - eu, minha mulher e a nossa filhinha.
E, enfim, chega a véspera de Natal. Minha mulher acorda cedo - mas, na véspera, já trabalhou até altas horas da noite - e se enfurna na cozinha a preparar os quitutes, os doces, etc. Depois, vai arrumar a sala, no que conta com a minha incondicional ajuda, mas somente nas raras vezes que consegue me arrancar da frente do computador.
E, enfim, chega a noite, o momento de restituir à família a emoção do todos-juntos-de-novo-ainda-que-seja-apenas-por-uma-noite, que para mim é a mais doce tradição do Natal em família, hoje tão aviltado pelos apelos da sociedade consumista. A árvore ilumina-se toda, veste-se de presentes e os convidados vão chegando, também com os seus presentes na mão. O território é invadido por sons, vozes, sorrisos, danças e requebros, cervejas e refrigerantes até o raiar da madrugada. Quando dá a meia-noite, na hora do "Feliz Natal", no meio dos beijos e abraços, vou repetindo para mim mesmo, enquanto um nó na garganta vai umedecendo os meus olhos de emoção: "Essa é a minha família, essa é a minha família...."
Quando se vai o último retardatário, contemplamos desolados a pilha de pratos e utensílios de cozinha para lavar, móveis e objetos para recolocar em seus devidos lugares, e haja vassoura para varrer do chão os vestígios dos saltitantes visitantes. Mas, fala a satisfação iluminada dos meus olhos o que a minha mulher já sabe de cor: que tudo valeu a pena e que, no próximo ano, só basta que eu ainda esteja vivo para o que o ritual se renove. E vamos dormir cansados e felizes.
Papai Noel existe.