ESTAÇÃO- SAUDADE

Nessa época pré-natalina, época em que as luzes das cidades do mundo, (e também as dos corações!) se acendem, é comum que sintamos algo nostálgico dentro de nós, algo que nos reativa as lembranças das épocas mais gostosas das nossas vidas, inclusive as da nossa infância.

Há os que adoram esta época, já outros nem tanto.

Por São Paulo, decerto que também movidos pelos interesses comerciais do Natal, os shoppings- centers neste dois mil e onze muito se adiantaram nas festas de final de ano e as decorações tradicionais praticamente já estão prontas.

Há cantinhos por aqui que já são esperados "meet points " das crianças, dos adultos que sempre magicamente viram crianças (assim com eu!) e de todas as máquinas fotográficas de todos os mundos...

Os cenários dos jingle -bells são variados, luzes tradicionais que modernamente nos piscam em leds, papais noéis de todas as gerações, fadas, duendes, bolinhas coloridas e decoradas, presentes, fitas em laços artesanais, arranjos artísticos, músicas, corais natalinos, sugestões de mesas coloridas e elegantes para os ambientes dos Natais mais requintados.

Porém, um cenário me chamou atenção num grande shopping daqui de Sampa, aonde uma estação ferroviária me transportou pelo tempo, imediatamente lá para minha infância remota, quando eu também aguardava numa plataforma da Estação da Luz a partida do meu trem, para logo mais trafegar ansiosamente pelos trilhos que me levariam ao interior de São Paulo, sob os mesmos dormentes gementes de todas as férias escolares e que depois de nove horas de viagem, que não passavam nunca, me anunciavam a chegada da minha cidadezinha através do apito daquela locomotiva monótona, que devagarzinho pararia aonde, até hoje, reside parte de minha família.

Confesso que não me lembro duma emoção maior do que aquela que me fazia sentir o trem parando para que eu saltasse na plataforma da pequena estação em busca do abraço dos meus tios.

Eu conhecia até as pedras daquele meu caminho de sempre.

Então, a observar a decoração do shopping, naquele tão belo cenário de natalina fantasia infantil, percebi que parte da minha vida está ali encenada, é também o meu trem que está lá, que ao se movimentar sobre os dormentes figurativamente me sonoriza a vida, no seu apito que me anuncia a chegada, a passagem e a partida do meu tempo.

Do, hoje, tão rápido tempo de todos nós...

Naquela estação- saudade, ali remontada com muita arte, senti a mesma emoção de outrora e deve ser por isso que algumas pessoas não gostam dessa época, posto que há uma espiritualidade que nos aguça os mais íntimos sentidos...para muitos, infelizmente, um tempo já sem sentido algum.

Hoje todos os apitos mudaram.

O tempo passa voando por todas as estações e decerto que corre bem mais rápido do que a velocidade das renas do SANTA CLAUS.

Não nos há muito tempo para o desfrute das paisagens, porque sempre há alguém buzinando para que trilhemos sempre mais rapidamente.

Dizem os físicos que a física quântica já nos prova o fenômeno temporal, o de que o tempo não é mais o mesmo pois está diminuído de boa percentagem da sua hora.

Até o tempo tem pressa...

Eu não entendo nada de quântica.

Hoje, meu coração só entende dum tempo que me transporta pelas minhas Estações- Saudade...um tempo que não passa nunca...