O ANIVERSARIANTE

Faz tempo que o Natal me causa estranheza, num contexto paradoxal. Porque sempre me compareceu, ao mesmo tempo, como a mais bela data do ano.

Mas antigamente, nos verdes anos da infância, era a mais bela data do ano pelas razões iluminadas que me foram dadas conhecer, de dentro da visão cristalina inerente a toda criança: as marcas que ficam desses tempos recuados são as das festas de família, dos sorrisos e da alegria do encontro entre os que me rodeavam numa aura de amor e de camaradagem. Impressões de luzes coloridas piscando nas árvores de Natal, de piadas e de brincadeiras entre muitos; de uma atmosfera mágica de descontração que coroava todo o decorrer do cotidiano apressado nas vidas de cada um...

Hoje pude conservar a sensação da mais bela data do ano em decorrência da minha capacidade de preservar ainda, em mim mesma, talvez que algo da essência daquele Natal. Do espírito: da homenagem ao Aniversariante, e a tudo aquilo que Ele representa.

Mas, nos dias estranhos em que vivemos, quem é este aniversariante?! Papai Noel? O chester de Natal? As luzes esfuziantes dos shoppings decorados com todo o aparato faustoso do consumo? Os altos lucros de um comércio voltado a um Natal vivenciado por alguns - mas não pela maioria - ao menos de dentro desta conotação atual do que seja a data?!

Aniversário do ícone exclusivo de alguma das dezenas de religiões cristãs dos nossos tempos?

Sabem...algo que me proporciona um bem estar íntimo muito acentuado é o fato de contar com simpatias e amizades com representantes de várias religiões. Sou espiritualista! Mas há católicos no meu meio familiar e profissional com quem me dou às mil maravilhas; conheço evangélicos que são doces de pessoas, de quem gosto, e que me admiram também; curto incansavelmente o espírito inovador e jovial de alguns amigos da renovação carismática; uma das mulheres mais iluminadas com quem já tive oportunidade de conviver - e que a esta altura, de há muito, já regressou para a mansão cintilante do nosso Universo - era uma budista...e vai por aí afora...

E isto que me leva, meus amigos, a uma conclusão gostosa, reconfortante: a de que, mesmo no tumulto da nossa era digital; mesmo com todos os conflitos acontecendo neste mesmo minuto, em decorrência das intolerâncias de ordem religiosa; mesmo com o Natal transmutado n'alguma coisa irreconhecível, anacrônica - numa sombra daquilo que o Espírito natalino genuíno de fato representa - o Aniversariante, ainda e sempre, continuará sendo o mesmo: Jesus, o Cristo; e, sobretudo, a realidade do que a Sua Mensagem aponta no íntimo de cada um de nós!

O Aniversariante não é o consumo! Não são os anúncios hipnóticos da mídia, exaltadores de um tipo utópico de Natal que só se realiza de determinada forma estreita, para alguns poucos; o Aniversariante não é, nem mesmo, qualquer manifestação exterior que possa guardar a pretensão de representar a qualidade sublime daquilo que de fato o Natal é!

O Aniversariante de 25 de dezembro, meus queridos, em qualquer tempo, e em poucas palavras, é Jesus! E o que, segundo o Seu modelo incomparável, também reside em nós em estado latente, embrionário, e que vai despertando com dificuldades através dos tempos, rompendo a carcaça rude das nossas imperfeições e do nosso orgulho:

- Amor, compreensão, união...entre todas as possíveis diversidades presentes nos povos viventes sobre o nosso planeta!

Mais: sem excluir quaisquer representantes das muitas vertentes religiosas do mundo, que verdadeiramente exaltem a divindade inerente à Vida comum a todos os seres sobre a face da Terra!...

Eis, aí, o Aniversariante!

Antecipadamente, um divina data natalina a todos!
Um verdadeiro, e sempre e sempre recém-nascido, e redivivo Natal, a cada um de nós!


Meu carinho a todos vocês



Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 07/12/2006
Código do texto: T311746
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