NATAL DOS AMANTES

Enquanto o mundo se prepara para comemorar o congraçamento do natal junto aos seus familiares, os amantes esperam a data passar com um peso sobre os ombros.

A alegria das crianças a esperar por Papai Noel, contraste maior com os olhos dos amantes, que nesse momento estão distantes! Não existem festas, reuniões familiares, algo que se possa construir. São somente dos seus sentimentos escravos, afastados de todos, a sofrer!

A nossa maior vitrine da alma, tem um brilho maior... das lágrimas que a todo instante brotam, mas que precisam ser represadas. Nem mesmo esse direito temos, de chorar a falta do ser amado, afinal estamos reunidos com a família, com todos aqueles que amamos... Mas fica sempre a pergunta: Quantas pessoas vivem esta mesma condição? Essa mesma amargura e sofrimento que faz do natal a mais penosa comemoração!

Não temos a presença, o aconchego, os carinhos, a atenção. Não partilharemos a essência da festa, nem trocaremos presentes ou juras eternas. Qualquer sinal de nosso amor poderia por toda uma estrutura familiar a perder. Somente nossa alma estará unida, mas a dor da presença até mesmo isso dilacera.

E chega a hora mais difícil, do brinde, da entrega dos presentes, dos abraços, da grande confraternização. E é nesse momento que nosso coração se aperta, que nosso corpo clama pelo ser amado, que o mundo nos mostra a sua condenação.

Mas amamos! Não escolhemos o caminho do nosso coração. Não foi por falta de juízo que caímos nas redes do destino...

Um misto de revolta, desespero, vontade de jogar tudo longe e correr aos braços do ser amado... É quando acordamos para olhar ao nosso redor, como a nos despedir desse teatro armado... E nos deparamos com o olhar dos filhos, retrato da verdadeira felicidade.

Percebemos que não temos o direito de destruir um futuro que ainda nem começou. Que é muito cedo para que esses anjos sintam a crueldade do mundo que nos cerca... e perdemos a coragem, que nasce num rompante e morre no mesmo segundo!

E desse amor intenso que vivemos pelo amante, ficam as lembranças, os sonhos e devaneios. E os únicos frutos que eles podem produzir, são juras de amor em prosa e verso, lágrimas que deformam nosso rosto, e traduções, como esta, que a muitos amantes irão servir!