O DILEMA
Cozinhar ou olhar as crianças? Dúvida cruel. Dilema que dilacera a alma. Especialmente no Natal, período ingrato para se estabelecer prioriedades, afinal, tudo precisa estar pronto. É preciso fazer a melhor comida do ano. Mas também é preciso dar às crianças a devida e merecida atenção. Mais tarde, Dona Consciência cobrará preço justo por certas insanidades cometidas ao longo do ano.
É bom apressar-se. O chamado bom velhinho já distribuira os melhores presentes aos filhos dos despreparados pais, que dispuseram-se a exercer sublime mandato, sem antes preparar-se para tal. Mas isso é trabalho para Dona Consciência, que agora dorme sono profundo e sonha com o dilema vivido pela família feliz. Pelo menos no Natal a família aparenta felicidade.
O velho Noel, que veste farda e outras tantas indumentárias, gastara o que tem e um pouco além, afim de botar um sorriso, ainda que amarelado, no rosto dos pequenos. Pequenos que crescerão um dia. Crescerão e dirão ao velho Noel que fora apenas e tão-somente uma fábula, doce ilusão dos longinquos tempos da juventude alienada e absorta, pobre dos conceitos de ética e moralidade, outrora mostrados pelos avoengos.
A criançada esbalda-se nos brinquedos, a vizinhança já se une para o brinde e o dilema parece ter chegado ao fim, ao menos em 2010.
A questão é saber se a opção foi feita de fato ou se o dilema foi varrido para debaixo do tapete.
Cozinhar ou olhar as crianças? Responderão as crianças de hoje, amanhã.