E ALGUÉM (ainda) DUVIDA QUE PAPAI NOEL EXISTE?

Sou alguém cujo espírito de criança continua a me habitar.

Lembro-me com nitidez quando, aos nove anos de idade, numa manhã em que voltava da escola num onibus escolar, exatamente no ano em que quase morri de varicela na noite de Natal, um amiguinho menos ingênuo e mais sabido, assim me falou : "Você ainda acredita? Ora, Papai Noel não existe!! Ele é o pai a gente!"

Fiquei muito inconsolável e nunca mais falei com ele, .porém continuei a esperar pelo Papai Noel.

Numa daquelas grandes noites, a cada pereba nova que saia e que muito coçava, eu acordava, abria meus os olhos febris, e descia para a sala de casa a espreitar a pequena árvore de Natal que piscava...a esperar pelo meu presente.

Não o vi descer dos céus com as suas renas, ademais, na minha casa não havia chaminé e tal fato me angustiava muito.

Logo naquela manhã, acordei assustada porque perdi a hora de conversar com o bom velhinho, desci correndo e minha boneca estava lá.

Eu era uma criança de sorte, daquelas que não servem para enaltecer os discursos de hoje, a sorte que muitas ainda não tiveram apesar de todos os esforços, nesses dias de tantos "milagres econômicos".

"Papai Noel deve ser um espírito bonzinho, pensei naquela manhã, pena que ele é invisível!"

O tempo passou, e eu ainda hoje o tento encontrar no meu entorno.

Neste ano que se finda completei cinquenta anos de idade e de espera, mas eu nunca desisti!

Esperei tanto que finalmente eu o conheci de perto, no auge da minha visão...e ele é de carne e osso! Como qualquer um de nós!

Um homem simples, de boa conversa, barba branca, abdomen protuso, que costuma usar uma estrela na lapela, veste vermelho, e distribui presentes a todos, colocados nas suas, sempre lotadas, bolsas de ilusões.

Ele também já vai se indo, porém, sempre promete voltar, e nele eu acredito.

Hoje, se alguém me falar que esse bom homem não existe, eu volto no tempo, acendo a estrela da fé e hasteio minha bandeira da esperança, aquelas que resistem a todos os Natais do tempo...dos Homens.

Encho o coração de poesia e anuncio com convicção: Papai Noel passou por aqui, e é por isso que somos, -todos, sem distinção!- um eterno e feliz Natal.

Exatamente como, há dois mil e dez anos atrás, a vinda do Cristo- Menino pregaria entre nós.