NATAL PERVERSO
Mesas cheias, doces, carnes e castanhas,
Coisas estranhas para comer,
E muitos destilados etílicos para beber.
Um ano de exploração daqueles irmãos que deviámos amar
La fora, um mofo de fome, de angustia de necessidades.
Aqui dentro muita fartura, la fora só miséria pura.
Da exploração do assalariado preenche de primísias o rico prato,
Prata e ouro são as baixelas, e lá fora, reina sede e fome na guela.
Natal sempre foi assim, uns com muito e tanto o que comer, e muitos explorados, desapropriados, descamisados de boca abertas de forme a morrer.
Não é por menos, que quem devia ser comemorado, também está sendo esquecido nas manjedouras de muitas vidas.
Um velho barbudo, pachorrento e glutão, todo ano, vem com sua mesma dialética, e nossa ignorância patética deixa de fora, como sempre "O Menino Jesus".
E mais uma vez a hipocresia nos conduz
Será mesmo Natal, uma festa de amor e de luz?