AMIZADE

AMIZADE

Então é Natal, época de confraternizações, de presentes, de sorrisos, afinal é encantadora essa época do ano, pois nos mostramos como gostaríamos de ser durante todo o ano que se finda, solidários, amorosos, amigos, ou nos mostramos como realmente somos, falsos...

Nesta época o sentimento de amizade aflora de uma maneira tamanha nas pessoas que nos faz perguntarmos o que é amizade e principalmente quem são ou deveriam ser os nossos maiores amigos, pois temos amigos de infância, temos amigos de farra, temos amigos de trabalho e a medida das amizades se confunde proporcionalmente a quantidade de festas de amigos secretos que participamos.

Seriam esses todos os nossos amigos... Penso que não, pois os nossos amigos mais próximos, muitas vezes passam desapercebidos desse sentimento de amizade, pelo simples fato de não os vermos como amigos, eles são a nossa família, podemos enumerar as amizades sinceras e até as inimizades mais amplas dentro do seio familiar, mas nunca os vemos assim, como amigos. Somos solidários no estudo, no ambiênte profissional, até em botecos somos fraternais, compreenssivos e amigos.

Somos seres que beiram a perfeição quando saimos da porta de casa, aonde muitas vezes nos portamos com graus de regressão espiritual que ruborizaria aos mais antigos primatas. A indelicadeza com tratamos nossos entes “queridos” quer sejam filhos, esposas, esposos, pais e mães é tamanha que sequer tomamos conta disso, nos nos cauterizamos em não nos solidariezarmos com aqueles, cujos defeitos deveriam ser os primeiros a serem aceitos, mas são as pessoas que mais tentamos mudar, mesmo sabedores de que com muito esforço poderemos mudar algo em nós mesmos e que o caráter e a personalidade de pessoas são tão distantes de nós quanto nos é o infinito. Mas mesmo assim a culpa se repassa com quem se repassa uma “batata quente” que ninguém quer.

Somos seres cujos maiores amigos, aindão são nós mesmos, nosso ego inflado nos torna cegos e esse egoísmo deteriora todos os avanços da sociedade, pois matamos hoje pelos mesmos motivos de alguns milhões de anos atrás.

E é justamente esse egoísmos que neutraliza esse “espírito de natal”, os “natais” serão imensamente mais felizes e nossos sonhos se realizarão com maior facilidade quando não formos mais nós o centro do universo e a volúpia narcisista que nos assola não for mais a mola propulsora de todos os nossos atos.

Um feliz Natal, e um ano novo de renovação, aonde o amor aos amigos exista, mas que ele se desvincule de nossos umbigos, se aproxime de nossas famílias e atinja nossos amigos de direito.

Sérgio Ildefonso

sergioildefonso@globo.com